21/09/11 16h01

O legado do 29º Encontro Econômico Brasil-Alemanha

Investe São Paulo esteve presente no evento que reuniu mais de 1,5 mil participantes e possibilitou 300 rodadas de negócios, recorde em relação aos encontros anteriores

Potenciais investidores alemães, empresários brasileiros, autoridades governamentais, instituições de ensino e pesquisa e agências de promoção comercial e de investimentos se dedicaram a uma extensa agenda de painéis, workshops e palestras no 29º Encontro Econômico Brasil-Alemanha. O objetivo do evento – que ocorreu nesta segunda e terça-feira, dias 19 e 20 de setembro, no Pier Mauá, no Rio de Janeiro – foi debater temas estratégicos e aumentar a cooperação entre o Brasil e a Alemanha.

O gerente geral Institucional e Internacional da Investe São Paulo, Wilson Soares, participou do encontro e destaca a relevância da troca de experiências ocorrida entre os participantes. “Analisando os debates realizados, muitos aprendizados podem ser obtidos. Como uma das funções da Investe São Paulo é propor políticas públicas com o objetivo de aumentar a competitividade do Estado, é fundamental compreendermos os entraves ao aumento dos investimentos no Brasil”, explica Soares.

Uma das principais barreiras ao fortalecimento dos negócios entre Brasil e Alemanha é a bitributação. Esse tema foi trazido à tona já na abertura do evento pelo presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Robson Braga de Andrade: “Brasil e Alemanha precisam chegar a um acordo que elimine a bitributação e dê mais segurança aos investidores”.

Outro destaque do encontro foi a discussão sobre as oportunidades de investimento no Brasil. Atualmente, mais de 1,2 mil empresas de origem alemã estão instaladas no País. Trata-se do maior parque industrial alemão fora da Alemanha. Para Andrade, como resultado da crise que os países europeus estão enfrentando, empresas da Europa têm se voltado ao Brasil, onde investiram US$ 23 bilhões de janeiro a julho deste ano, quase o triplo dos investimentos estrangeiros diretos efetuados no mesmo período de 2010. Os alemães têm se mantido por décadas entre os maiores investidores europeus no Brasil.

“Para a indústria alemã, o Brasil é um dos mercados mais interessantes", afirmou Hans-Peter Keitel, presidente da Bundescerband der Deutchen Industries (BDI), Confederação das Indústrias Alemãs. Para ele, a indústria da Alemanha pode ter influência decisiva no desenvolvimento econômico do Brasil, considerando-se especialmente a importância dos preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.

Nessa nova dinâmica da economia brasileira, a inovação desempenha papel crucial. Para o secretário geral do Ministério das Relações Exteriores, Ruy Nogueira, a experiência dos alemães é importante e pode contribuir para aumentar a competitividade das pequenas e médias empresas brasileiras.
“As pequenas e médias empresas precisam ter foco em tecnologia e em Pesquisa & Desenvolvimento para se tornarem mais competitivas e inovadoras”, ressaltou o gerente da Investe São Paulo. “É importante destacar que inovação significa transformar ciência e conhecimento em negócio”, concluiu.

Além desses temas, debateu-se a questão das fontes de energia renovável e sustentabilidade, criticando-se a falta de estratégia e de políticas de incentivo ao investimento, à produção e ao consumo. Segundo o coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas, o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, o aumento do preço do etanol é uma prova da falta de estratégia para a bioenergia. Na avaliação dos empresários alemães, o Brasil precisa criar incentivos para o desenvolvimento e a compra de tecnologias de produção de energia renovável.

Já em relação ao setor de óleo e gás, o principal obstáculo apresentado para o desenvolvimento da área é a falta de mão de obra qualificada. Durante o evento, o diretor Financeiro e de Relações com os Investidores da Petrobras, Almir Barbosa, apresentou o plano de negócios da estatal para os próximos cinco anos, mostrando que a execução do plano exigirá a expansão da cadeia de fornecedores – o que representa um grande atrativo para os investidores alemães.

Para o empresário e dono do grupo OGX, Eike Batista, que também compareceu ao encontro, os empresários alemães não devem pensar somente em exportar máquinas e motores para a indústria naval brasileira e, sim, em se instalar no País e produzir aqui. Para ele, a exigência de 70% de conteúdo nacional nessa indústria deve ser considerada um estímulo aos investidores e não um entrave.

Ao final do encontro, fica a expectativa de que o comércio bilateral entre os países continue a crescer. Em 2010, as exportações alemãs para o Brasil aumentaram 43% em relação ao ano anterior, chegando a US$ 12,5 bilhões. A variação foi maior do que a elevação média das exportações totais da Alemanha, que aumentaram 19%. Em alguns setores, como o da indústria química, o Brasil chega a ser o mercado de maior expansão. Esses números tendem a aumentar ainda mais até o próximo Encontro Brasil-Alemanha, que vai acontecer no próximo ano em Frankfurt.