08/11/10 15h35

O desafio do fim de ano da EMS

O Estado de S. Paulo

Toda segunda-feira, os executivos da farmacêutica EMS chegam ao escritório em Hortolândia, a 115 quilômetros de São Paulo, em estado de especial ansiedade. É nesse dia que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) costuma divulgar a lista de medicamentos genéricos cujos registros foram aprovados - e que podem, a partir daí, ser vendidos. A empresa tem, hoje, cinco drogas aguardando aprovação e espera pelo menos duas liberações até o fim do ano.

Esses lançamentos são importantes para ajudar o laboratório a alcançar uma meta ambiciosa: fechar o último mês de 2010 como líder em genéricos no País, posição hoje ocupada pela Medley (no ranking geral, incluindo medicamentos com marca, a EMS já é a primeira). "Esperamos uma arrancada nas próximas semanas", diz Waldir Eschberger, vice-presidente de mercado da EMS. "A hora que a gente conseguir, não perde mais a posição de primeiro. Queremos que 2011 seja nosso primeiro ano na liderança em genéricos."

Em 2010, a EMS tem se mostrado como a mais combativa entre os fabricantes de genéricos. Desde janeiro, a empresa cresceu 37% - mais que sua própria previsão, de 30%. A fábrica trabalhou 24 horas por dia, assim como o corpo de cientistas, dividido em três turnos. E, na expressão máxima de sua agressividade, a empresa foi a primeira a colocar no mercado as cópias das duas principais drogas cujas patentes expiraram em 2010: o Viagra, para disfunção erétil, e o Lípitor, para controle do colesterol. Juntos, os genéricos desses medicamentos devem movimentar um mercado de quase US$ 300 milhões daqui a um ano, segundo a Pró Genéricos. E, na lógica desse mercado, chegar antes significa, fatalmente, tornar-se líder.

Por trás dos resultados, está uma sofisticada máquina de lançamento de genéricos. Com 200 especialistas, a EMS tem o maior centro de desenvolvimento de medicamentos do País, que começa a desenhar a cópia de uma droga quatro anos antes do fim de sua patente. A área de marcas e patentes trabalha com antecedência semelhante. Os executivos da EMS acompanham, hoje, cerca de 200 processos judiciais que discutem o período de validade de patentes.