12/02/08 10h46

Nutriplant estréia nova realidade da bolsa

Valor Econômico - 12/02/2008

Foi difícil, mas não impossível. A Nutriplant fechou ontem a captação que promoverá a estréia do Bovespa Mais, espaço dedicado às companhias e às emissões de menor porte e com regras exigentes de boa governança. A operação desbrava não só o novo segmento do mercado paulista mas também as ofertas de abertura de capital de 2008. Porém, fazer isso, nesse momento de turbulências nas bolsas do mundo todo, teve seu preço. Não foi barato. A fabricante de micronutrientes de Paulínia, interior paulista, conseguiu 28,5% menos do que o piso previsto. As ações foram oferecidas com a sugestão de preço entre R$ 14,00 (US$ 8) a R$ 18,00 (US$ 10), mas o apetite do investidor fez com que fossem colocadas a R$ 10,00 (US$ 5,7). Do mínimo de R$ 28,9 milhões (US$ 16,4 milhões) que esperava adicionar ao caixa com a estréia na bolsa, a Nutriplant levantou R$ 20,7 milhões (US$ 11,8 milhões). O resultado da operação reflete a troca de poderes que se deu no mercado com o agravamento da crise internacional. Agora quem dá as cartas é comprador e não mais com o vendedor das ações. Para apostar em novas histórias, o investidor mais do que quer, exige desconto. E grande. A colocação da primeira novata do ano enfrentou um complicador adicional: o tamanho da operação. Trata-se de uma oferta que tem um público alvo bem mais reduzido do que as distribuições ocorridas no Novo Mercado até o fim do ano passado. Com a menor liquidez, a pressão por deságio é ainda maior. Embora não possa servir de comparativo direto para quem pretende oferecer ações no Novo Mercado, as dificuldades enfrentadas pela Nutriplant são um termômetro importante da exigência dos investidores. Quem quiser vender ações na bolsa este ano encontrará uma platéia muito mais seletiva. Além disso, terá de abrir mão de parte do ganho, dividindo-o com o mercado, ou seja, reduzir o preço na venda dos papéis.