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Número de aquisições de usinas deve bater recorde

Valor Econômico - 31/05/2007

O setor sucroalcooleiro deverá registrar número recorde de aquisições neste ano. Levantamento da KPMG mostra que foram oito aquisições em 2005 e nove no ano passado, e a consultoria prevê - e analistas da área concordam - que o número deve chegar a 12 em 2007. Para fontes do segmento, a queda nos preços internacionais do açúcar e as perspectivas de cotações baixas pelo menos durante este ano por conta do aumento da produção global e dos estoques mundiais ajudam a forçar uma redução no valor de venda de usinas brasileiras, acelerando o ritmo das negociações.  Entre janeiro e abril, houve seis aquisições, sendo apenas uma feita por um grupo brasileiro, envolvendo investimentos da ordem de R$ 1,4 bilhão (US$ 688,3 milhões), segundo dados publicados pelos grupos. O processo de aquisições começou em 2005, quando os países desenvolvidos reforçaram investimentos em biocombustíveis para reduzir o consumo de combustíveis fósseis e as emissões de gases de efeito estufa, atendendo às exigências do Protocolo de Kyoto, ratificado um ano antes. Desde 2005, houve 23 aquisições de usinas brasileiras, das quais 13 passaram às mãos de grupos internacionais. Castello Branco, sócio de corporate finance da KPMG, observa que a consolidação do setor sucroalcooleiro ocorreu até agora via aquisições. O único processo de fusão de que se tem notícias é da Cia. Açucareira Vale do Rosário, de Morro Agudo (SP), com a Cia. Energética Santa Elisa, de Sertãozinho (SP), ainda não concluída. "As fusões são uma tendência para médio ou longo prazo. Hoje as usinas são muito pequenas, a maior, que é o grupo Cosan, mói 40 milhões de toneladas por ano. No futuro, esse vai ser o tamanho de um grupo médio. A maioria tenderá a se unir para competir no mercado", prevê. Para Gustavo Correia, sócio da F&G Agro, o número de empresas sucroalcooleiras no país (hoje em torno de 240) será reduzido drasticamente e, nesse cenário, as empresas de pequeno porte ficam cada vez mais vulneráveis. "Quanto mais longo for o ciclo de baixa nos preços do açúcar, mais risco elas correm de não sobreviverem a essa fase de consolidação", diz. Para o consultor, as empresas pequenas terão de se associar ou investir em ampliação de capacidade, caso desejem se manter competitivas.