16/12/24 15h28

Nubra movimenta R$ 30 mi mensais e coloca SP no centro do mercado de semijoias

A associação reúne marcas de semijoias em um único espaço para facilitar a conexão entre fabricantes e compradores. Para se tornar associado, é preciso ter cartela estabelecida de clientes e atuação mínima de dois anos

Diário do Comércio

Dos antigos mercados de rua aos modernos congressos e feiras, reunir produtores e comerciantes no mesmo espaço sempre se mostrou uma solução inteligente. É nesse conceito que se insere a Nubra – associação de semijoias em atacado que reúne quase 90 empresas no edifício The Office, em São Paulo. A Nubra acaba de fazer dez anos.

O segmento de semijoias tem fortes e tradicionais polos produtores no interior, como as cidades de Limeira (SP) e Guaporé (RS), mas segundo a presidente da Nubra, Milena Gimenez, São Paulo está se consolidando como o principal polo de semijoias no Brasil.

Essa mudança reflete a infraestrutura logística da cidade, que facilita o acesso para compradores de diversas regiões do Brasil e do exterior. “O prédio da Nubra era visto como uma base complementar à sede das empresas. Hoje, elas têm investido em reformas significativas, ampliando seus escritórios aqui”, afirmou. “Muitas vezes, eles já superam em tamanho a sede original.”

A associação foi criada por um grupo de empresários especializados no segmento de semijoias, e seu objetivo era fortalecer empresas que já haviam se estabelecido no mercado, além de apoiar novos empreendedores que buscavam visibilidade e um ponto de apoio estratégico para seus negócios. Por isso São Paulo acabou sendo o destino inevitável.

De acordo com Guilherme Zarpellon, vice-presidente da Nubra, o movimento inicial começou com a aquisição de unidades pelos 25 andares do edifício The Office, localizado na Rua Frei Caneca, em São Paulo. “O objetivo era proporcionar um espaço centralizado, onde as lojas de semijoias pudessem abastecer seus estoques com mais agilidade e segurança”, disse. “Percebemos que havia uma lacuna no mercado e essa concentração de empresas ajudaria no fortalecimento do setor”.

A Nubra começou com 49 associados e hoje já abriga no centro vertical 88 empresas do setor, que juntas faturam R$ 30 milhões por mês, com um crescimento anual entre 20% e 25%. “A localização é privilegiada e facilita o acesso à associação, atraindo novos associados e clientes que compram joias em grande quantidade e querem segurança”, disse o vice-presidente.

Para aceitar as empresas no espaço acontece uma curadoria. O candidato deve ser atacadista, fabricante ou importador com, no mínimo, dois anos de experiência no mercado. “É fundamental que a empresa tenha uma cartela de clientes estabelecida e comprove que suas peças atendem a padrões rigorosos de qualidade e procedência”.

A seleção de novos membros também leva em consideração a competitividade dos preços e a capacidade de oferecer produtos a preços de atacado, algo essencial para quem deseja fazer parte da associação. Além disso, uma das características da Nubra é que os próprios associados indicam novos membros.

Em relação à produção, a maioria dos associados da Nubra opera em um modelo híbrido. Algumas empresas importam peças e realizam acabamentos no Brasil, enquanto outras produzem os itens integralmente no país. As exportações brasileiras de semijoias, por sua vez, valorizam o diferencial de produtos fabricados ou finalizados localmente. “Nossos produtos exportados carregam o valor agregado de serem feitos aqui”, afirmou Zarpellon.

Os principais mercados internacionais para as semijoias brasileiras incluem Portugal, Estados Unidos e países da América Latina, especialmente membros do Mercosul. “Os acordos comerciais e os custos logísticos tornam o Mercosul uma região prioritária para nossas exportações.”

China

Questionada sobre a concorrência chinesa no mercado de semijoias, a presidente da Nubra afirma que o impacto tem afetado mais os clientes dos associados da Nubra, que vendem no varejo, do que os próprios fabricantes, que operam no atacado.

Lojistas e revendedores enfrentam uma competição mais acirrada devido à presença de produtos chineses com preços mais baixos no mercado de varejo e online. “A China se destaca pela produção em larga escala e pelos custos reduzidos, mas o diferencial do mercado brasileiro de semijoias é a qualidade”, afirmou Gimenez.

A presidente explica que as semijoias brasileiras são produzidas com metais nobres e passam por processos rigorosos de fabricação que garantem maior durabilidade e segurança para o consumidor. “Além disso, a legislação brasileira exige tratamentos químicos obrigatórios nas peças, processos de reciclagem do ouro e um controle rigoroso da água utilizada na fabricação.” Outro ponto é o uso de pedras sintéticas em muitas peças, que evita o impacto ambiental da extração mineral.

Para enfrentar a concorrência, empresas brasileiras têm se adaptado. Gimenez destaca que algumas associadas começaram a lançar coleções mais leves, com menor quantidade de ouro, para manter preços competitivos sem comprometer a qualidade. Além disso, a diferenciação é fundamental. “Buscamos criar coleções únicas, que não sejam facilmente encontradas em plataformas online.” Nesse sentido, estar alinhado às principais tendências é estratégico e obrigatório para o setor. A Nubra realizará em 2025 pelo menos nove eventos.

Além disso, a entidade promove a capacitação para seus associados. Guilherme Zarpellon diz que o trabalho da Nubra vai além do simples fornecimento de espaço. “Por meio de eventos, procuramos gerar oportunidades e criar um ambiente colaborativo para os associados”, disse. Para o futuro, o primeiro objetivo é ultrapassar a primeira centena de associados já em 2025. “Estamos criando novas vitrines e novos espaços para atender melhor nossos associados e clientes. O objetivo é continuar a fortalecer a posição de São Paulo como o centro do mercado de semijoias.”

 

Fonte: https://dcomercio.com.br/publicacao/s/nubra-movimenta-r-30-mi-mensais-e-coloca-sp-no-centro-do-mercado-de-semijoias