NSK, de rolamentos, mira receita de R$ 500 milhões
Valor EconômicoUm automóvel pode ter entre 26 e 44 rolamentos, sendo um em cada roda e de 22 a 40 nos sistemas de propulsão e de transmissão. Já em cerca de 80 quilômetros de correias transportadoras - que ainda podem ser instaladas pela Vale para carregar o minério de ferro das minas de Carajás, no Pará -, estima-se que sejam necessários aproximadamente 1,3 milhão de rolamentos.
Fabricante dessas peças em Suzano, a 50 quilômetros de São Paulo, a NSK vê nos números acima a oportunidade para ser nos próximos dez anos uma empresa com faturamento superior a R$ 500 milhões, ou 70% a mais do que os R$ 295 milhões de 2015, com produção de 60 milhões de rolamentos por ano, 20 milhões a mais do que o número previsto para este ano.
Apesar da crise enfrentada pelas indústrias que consomem seu produto - entre, principalmente, montadoras de veículos e fabricantes de bens de capital -, a empresa aposta em novos contratos, o que em alguns casos significa ganhar clientes da concorrência, para cumprir um plano de negócio que traça objetivos até 2026. Num ambiente de dólar mais amigável ao comércio exterior - pesado, porém, no custo das importações -, essas metas incluem ainda dar um salto nas exportações, bem como desenvolver fornecedores domésticos - entre eles, a Gerdau.
Embora as vendas de veículos estejam no nível mais baixo em uma década, os negócios com montadoras estão no centro da estratégia. De uma participação hoje próxima de 30%, o segmento automotivo, conforme o plano de dez anos, passará a absorver cerca de metade das vendas da companhia.
Carlos Storniolo, presidente da NSK no Brasil, diz que chegará a essa marca se conquistar os novos projetos em negociação com fabricantes de veículos e grandes fornecedores de peças. São quase 40 projetos em desenvolvimento com clientes automotivos, sendo que 18 deles podem resultar em pedidos firmes até o fim deste ano.
Também ajuda o fato de a fabricante de rolamentos ter entre os clientes montadoras que têm mostrado maior resistência ao cenário recessivo. Rolamentos da marca equipam, por exemplo, o HR-V, utilitário esportivo da Honda líder em sua categoria, e os carros da Toyota, única montadora que não está perdendo volume neste ano.
De origem nipônica, a NSK está junto com a SKF e a Schaeffler, entre as três maiores fabricantes de rolamentos do mundo. Seu faturamento anual passa de US$ 8 bilhões. Inaugurada há quatro décadas, a fábrica de Suzano, uma das 65 do grupo, foi a primeira aberta fora do Japão. No local, são produzidos rolamentos de 30 a 280 milímetros, responsáveis, entre outras aplicações, por permitir a movimentação de peças de veículos e equipamentos industriais.
Os tubos que servem de matéria-prima dos anéis de aço dessas peças são em maior parte (75%) importados do Japão, enquanto o restante é fornecido pela Vallourec, instalada em Minas Gerais. A ideia é reduzir o percentual importado para metade do consumo. Ao mesmo tempo, a NSK pretende mais do que dobrar - de 2,5 milhões, em 2014, para 6 milhões já neste ano - a quantidade de rolamentos exportados, sempre para a sede do grupo nos Estados Unidos.