16/01/09 11h16

Novos projetos de carbono no país

Valor Econômico - 16/01/2009

O ano começa com novos negócios de créditos de carbono fechados por empresas brasileiras com compradores europeus. A BrasCarbon acaba de acertar dois novos contratos com o Luso Carbon Fund - fundo português de investimento em carbono - para captação de 300 mil toneladas de dióxido de carbono (CO2 equivalente) por ano geradas pelo setor de suinocultura. A captação de gases exigirá investimento de 3 milhões de euros, tendo 50% já sido antecipado pelo fundo português para a realização dos projetos e o restante financiado pelo Banco Real. Os projetos têm a duração de sete anos e podem ser renovados por mais duas vezes, totalizando 21 anos. São seis projetos no total, todos em fase de validação. "Em dois meses teremos mais doze projetos assinados com o fundo português, que deixarão de emitir 18,9 milhões de toneladas de carbono por ano", disse ao Valor Ivaí João Campos de Almeida, sócio-diretor da BrasCarbon. A empresa trabalha atualmente em 81 granjas em São Paulo, Santa Catarina e Minas Gerais, que totalizam 1,44 milhão de animais. Pelo Protocolo de Kyoto, países ricos devem reduzir suas emissões de gases de efeito estufa - que superaquecem o planeta - até 2012. Para isso, eles lançam mão do chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), pelo qual compram créditos de projetos limpos em países em desenvolvimento. Cada tonelada de gás-estufa deixada de ser jogada na atmosfera equivale a um crédito no mercado internacional. O acordo internacional prevê a realização de projetos limpos em diversas áreas, entre elas a suinocultura. Países com grandes rebanhos são especialmente beneficiados, como o México e o Brasil - onde a suinocultura já representa 15% do total dos projetos. Neste caso, o gás metano produzido a partir dos dejetos dos animais é captado, queimado e transformado em CO2. Por ser menos nocivo ao ambiente que o metano, o projeto está apto a comercializar os créditos no mercado internacional. Nos últimos meses, os contratos têm se mantido na casa de 13 euros por tonelada. Outra área de forte potencial no país é a de aterros sanitários. A Estre Ambiental completou nesta semana a venda de créditos gerados por pelo aterro sanitário de Itapevi (SP) para o banco francês Natixis. A transação envolveu a venda futura de 500 mil créditos com valor aproximado de R$ 20 milhões (US$ 8.7 milhões), segundo a Stratus, que assessorou o negócio. O último relatório do governo aponta que o Brasil mantém o terceiro lugar no ranking mundial em números de projetos.