08/02/11 11h03

Novos negócios na tradicional indústria do casamento

O Estado de S. Paulo

Não é só de bem-casados, fotos e vestidos de noivas que a indústria de casamentos sobrevive no País. Apesar de toda a tradição e conservadorismo que envolve esse tipo de festa, é cada vez maior o número de empreendedores que tentam inovar na prestação de serviços e oferta de produtos aos noivos. Entre as novidades, há empresas que fazem a cobertura ao vivo da cerimônia em redes sociais; criam listas "falsas" de presentes para que os noivos arrecadem dinheiro "sem serem deselegantes"; e até sites de compra coletiva. Todos querem abocanhar uma fatia desse mercado que movimenta anualmente cerca de R$ 10 bilhões (US$ 5,9 bilhões), segundo levantamento estimado da Abrafesta. Os números do IBGE indicam um potencial de expansão: o número de matrimônios gira em torno de 1 milhão por ano.

Na internet, o engenheiro Luis Henrique Machado, de 32 anos, foi um dos pioneiros. Depois de passar por empresas como Microsoft e Oracle, ele decidiu transformar em negócio o presente que ganhou de um amigo no seu casamento: um site com fotos dele e da mulher, mapa da igreja, endereço do hotel e mural de recados, para aproximar os noivos dos convidados. Com o conhecimento em informática, ele desenvolveu um software para que os próprios noivos pudessem criar, sozinhos, suas páginas. Em quatro anos, foram 20 mil clientes. Os pacotes variam de R$ 59 (US$ 34,7) a R$ 259 (US$ 152,4). Em 2010, o faturamento chegou a R$ 1,8 milhão (US$ 1 milhão), surpreendendo veteranos do mercado.

As francesas Sandra Zlotagora Pessini e Elodie Pérignon resolveram apostar. Como Luis Henrique, elas também deixaram seus empregos em multinacionais para lançar um serviço novo no Brasil: fizeram parcerias com lojas como Tok & Stok e Artemobilia para reunir em um só lugar todos os tipos de presentes que os casais esperam ganhar. A ideia surgiu depois que elas foram convidadas para um casamento no País e tiveram de peregrinar por uma dezenas de listas de presentes até encontrar o que queriam. "Na Europa, os noivos indicam aos convidados apenas um site, que reúne produtos de várias lojas", diz Sandra, uma das fundadoras da "Lista Perfeita". Hoje, a empresa tem parceria com 42 lojas, que pagam uma comissão às sócias por cada produto vendido.

Ao mesmo tempo em que há empresas novas surgindo para explorar a indústria "casamenteira", há negócios tradicionais tentando se reinventar. Quando o Foto Studio foi fundado, na década de 70, os noivos tinham de ir de bonde até o estúdio de fotografia para garantir o registro do casamento. Agora, nas mãos do cineasta Reynaldo Cavalcanti, neto do fundador, as cerimônias são gravadas como uma superprodução, com auxílio de gruas e imagens aéreas, vídeos com tecnologia 3D e até cobertura em tempo real nas redes sociais. Os serviços de foto e filmagem custam de R$ 6 mil (US$ 3,5 mil) a R$ 120 mil (US$ 70,6 mil).