29/04/11 11h17

Novo conceito dribla falta de espaço

Valor Econômico

Já há quem chame o quadrilátero das principais avenidas que cruzam a região da Faria Lima e da Vila Olímpia de Manhattan brasileira. Exageros à parte, o fato é que, ao menos pelos preços e sofisticação dos projetos, a região não deixa nada a desejar. O esgotamento do potencial construtivo dos prédios comerciais de grande porte fez com que as incorporadoras importassem o conceito "mix used" - sucesso imobiliário em Nova York, Londres, Tóquio e Dubai. São projetos que reúnem residenciais e pequenas salas comerciais no mesmo endereço ou, até mesmo, na mesma torre. Assinados por arquitetos, decoradores e paisagistas cobiçados, os novos empreendimentos vendem localização e diferenciais de projeto. "Preço aqui é um mero detalhe", diz Branca Cesaroni, coordenadora da Lopes, no estande de vendas do Horizonte.

Não exatamente "detalhes tão pequenos", como cantaria o rei Roberto Carlos - sócio de 50% do empreendimento com a sua Emoções Incorporadora. O preço é mantido em sigilo absoluto, até porque os incorporadores - Emoções, Toledo Ferrari e AAM - estão esperando o termômetro do pré-lançamento para definir o valor. Há, no mercado, quem aposte em algo como R$ 17 mil (US$ 10,6 mil) a R$ 20 mil (US$ 12,5 mil) o metro quadrado. A maioria dos apartamentos tem entre 54 m2 e 82 m2, mas há lofts e coberturas, com metragens maiores. O prédio chama a atenção pelo tamanho: 40 andares.

A chegada breve de vizinhos nobres - leia-se prédios comerciais de grande porte - levam para a região um contingente de executivos extremamente bem remunerados, que ganham a opção de trabalhar a pé. Há vários arranha-céus corporativos em construção na região, endereço de renomados bancos de investimentos e sede de grandes corporações nacionais e multinacionais. Profissionais com bônus suficiente para gastar R$ 2 milhões (US$ 1,25milhão) em um loft de pouco mais de 100 m2. Os novos - e nobres - endereços comerciais da região, o shoppings Vila Olímpia e o Iguatemi JK, que dever ser inaugurado no fim do ano, terminam de compor o luxuoso cenário da região. Até o Parque do Povo e a ciclovia são vendidos como diferenciais da região.

A algumas quadras dali, outro empreendimento vai chamar a atenção quando estiver concluído. É o da Stan, empresa que tem como sócios João Alves de Queiroz Filho - o Júnior, dono da Hypermarcas - e os antigos sócios do banco Banamex. Com valor geral de vendas de R$ 250 milhões (US$ 156,3 milhões), vai lançar um residencial com apartamentos de 30 m2 a 100 m2, com vários formatos; e salas comerciais a partir de 50 m2, que podem chegar a quase 1 mil m2 para quem quiser comprar um andar inteiro. Em um terreno de 12 mil m2 - que levou quase três anos para ser formado e envolveu a compra de 46 casas - os três prédios serão dispostos em formato de "U" e um bulevar central, com praça e um restaurante ainda não escolhido. A empresa tambem não informa valores, mas, segundo fontes do setor, o residencial deve ficar na faixa de R$ 12 mil (US$ 7,5 mil) a R$ 13 mil (US$ 8,1 mil) o metro quadrado e o comercial entre R$ 15 mil (US$ 9,4 mil) e R$ 16 mil (US$ 10 mil) m2.

A Gafisa foi a primeira a testar o conceito. Em uma rua paralela ao quarteirão mais nobre da Faria Lima, lançou, em novembro de 2009, um edifício - em fase de construção. Restam duas unidades residenciais a serem vendidas, com valor de R$ 16 mil (US$ 10 mil) o m2. No lançamento, o valor médio era de R$ 13 mil (US$ 8,1 mil), o que na época foi considerado um valor bastante elevado e acabou servindo como um novo patamar para a região. Cerca de 35% das vendas foi para investidores e o restante para proprietários que utilizarão os imóveis.