17/06/10 14h36

Novo aeroporto pode ter apenas jatinhos

Valor Econômico

O relatório final do novo Código Brasileiro de Aeronáutica, com votação marcada na Câmara dos Deputados para semana que vem, deixou de fora uma das principais reivindicações do Planalto: a proibição de voos particulares nos principais aeroportos do país. Na visão do governo, o mecanismo abriria espaço para mais voos regulares, expulsando aviões privados e táxis aéreos dos grandes aeroportos. Mais do que isso, o dispositivo seria um meio de viabilizar comercialmente o projeto de um terceiro aeroporto em São Paulo, bancado pela iniciativa privada e voltado totalmente, ou na maior parte, a aviões particulares.

Representantes do setor de aviação afirmam que a medida é o ponto central da estratégia governamental para delegar à iniciativa privada a construção e operação do novo aeroporto paulista. Ao invés de construir um terminal de grande porte voltado a voos comerciais, nos planos do governo o terceiro terminal atenderia à frota privada, liberando espaço nos terminais públicos já existentes. O país tem 350 jatinhos, número 50% maior do que a frota de TAM e Gol somadas. No raciocínio do governo, ambos ocupam o mesmo intervalo nos aeroportos para decolar ou pousar, o que se aplicaria aos quase dois mil aviões bimotores e 720 turbo-hélices registrados no Brasil.

Presidente da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), Ricardo Nogueira diz que a proibição de aviões particulares e taxis aéreos nos grandes aeroportos veio à tona há cerca de dois meses, quando o Planalto mandou para o Congresso Nacional o projeto do novo Código Brasileiro de Aviação. Apesar de ter ficado de fora do relatório final do deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), a proposta deve voltar a ser defendida no plenário.

A decisão foi endossada por um estudo encomendado pelo BNDES à consultoria McKinsey, divulgado no início da semana. Contrariando a posição da maioria dos representantes do setor aéreo, o estudo afirma que a construção de um novo complexo para aviação comercial não é uma opção atrativa em São Paulo. Segundo o trabalho, um novo terminal dividiria a demanda e inviabilizaria economicamente o formato de hub - ou seja, a conexão de rotas - dos aeroportos de Congonhas e Cumbica. Mas, aponta o estudo, um novo aeroporto poderia ser destinado à aviação geral, acomodando voos particulares e táxis aéreos.