07/03/08 14h59

Nova Petroquímica vai fabricar plástico com glicerina de soja

Gazeta Mercantil - 07/03/2008

A Nova Petroquímica dará no próximo ano sua arrancada na produção de resina de plástico a partir de fontes renováveis. A empresa deve ser a primeira no mundo a fazer plástico a partir da glicerina residual do biodiesel, informou o gerente de tecnologia da companhia e um dos idealizadores da resina, Pedro Boscolo. Com isso, substituirá matérias-primas de petróleo. A empresa desenvolveu tecnologia, e já registrou patente, da Bios, família de plásticos de polipropileno (usado em embalagens e autopeças) que ganha produção industrial em 2009. Com o boom na produção de biocombustíveis no País, somente este ano haverá uma oferta extra de 105 mil toneladas dessa glicerina, que seria incinerada. "Encontramos uma alternativa para crescer com custos muito baixos e usando um resíduo", disse Boscolo. O biodiesel é feito de oleaginosa (soja, pinhão-manso, mamona, palma, etc.) triturada e de uma parte menor, 10% do total, de álcool (metanol). Dessa soma resultam o biodiesel e a glicerina. Esta última é filtrada e pode ser usada nas indústrias de cosméticos ou de fármacos. Entretanto, a demanda desses setores não acolheria um residual tão elevado. A previsão da Nova Petroquímica - ex-Suzano Petroquímica comprada pela Petrobras em meio a consolidação que criará a Companhia Petroquímica do Sudeste também com a Unipar - é de que até 2013 esse volume deverá ser de 250 mil toneladas levando-se em conta as metas do governo para adicionar biodiesel ao diesel comum. Segundo a Lei 11.097, são 2% de mistura compulsória deste ano até 2012, e 5% de 2013 em diante, um mercado estimado de 2,4 bilhões de litros de biodiesel ao ano. A companhia, que terá uma unidade piloto já em 2009 em Mauá (SP), planeja levar a produção em escala reduzida até 2011, quando pretende investir cerca de US$ 50 milhões na construção de uma fábrica para 100 mil tonelada ao ano de propeno verde (o propeno é a matéria-prima da resinas de plástico). O propeno é a matéria-prima da resina. O enriquecimento para a transformação no polipropileno será feito nas outras unidades da empresa. "Será um produto com um prêmio de preço que ainda não definimos, pois ainda não levamos ao mercado. Mas há empresas no exterior e no País já demandando o plástico verde e dispostas a pagar mais por isso", disse o gerente de marketing, Sinclair Fittipaldi. Segundo o executivo, os ganhos em custo da resina podem ainda ser medidos, por exemplo, pela facilidade de transporte, que pode ser feito por caminhão (os gases de refinaria usados hoje pela empresa necessitam dutos) e flexibilizar as fontes de abastecimento.