11/10/09 14h27

No radar dos banqueiros, investimentos bilionários no Brasil

O Estado de S. Paulo

Em uma conversa de banqueiros de investimento brasileiros durante a recente reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial em Istambul, na Turquia, um deles contou ao resto do grupo uma breve história que retrata de forma perfeita a visão internacional sobre o Brasil. Segundo ele, o ministro de Finanças do país anfitrião, Mehmet Simsek, comentou com alguns de seus colegas que queria "ser como o Brasil". "Isso mostra como o País está no coração e na cabeça dos investidores do mundo todo", diz o profissional que fez o relato.

De acordo com relatos colhidos pelo Estado, o País deve receber investimentos parrudos em praticamente todas as áreas em que esses bancos atuam: fusões e aquisições, mercado acionário, renda fixa e private equity (fundos que compram partes de empresas). Há até quem diga que não vai demorar muito para que o Brasil volte a emitir papéis de dívida em reais, tipo de operação que a crise global secou.

Segundo os banqueiros, os setores da economia preferidos dos estrangeiros são os voltados ao mercado interno, como varejo e bancos, o de infraestrutura e o de energia (petróleo e gás). "Estou há 14 anos no mercado e nunca vi nada parecido", diz a copresidente do banco de investimentos do JP Morgan no Brasil, Patrícia Moraes. Uma das principais diferenças que ela vê hoje em relação ao passado é o fato de os ativos brasileiros estarem sendo disputados por fundos globais de investimentos, não apenas pelos fundos destinados exclusivamente a mercados emergentes.

O vice-presidente executivo do Itaú BBA, Jean-Marc Etlin, atribui o otimismo com o Brasil a três fatores. O primeiro é a força do mercado interno, que deixa o País menos suscetível ao vaivém da ainda combalida economia global. O segundo é o fato de o Brasil ser "uma fábrica de recursos naturais". Por fim, Etlin acrescentou os investimentos esperados com Jogos Olímpicos, Copa do Mundo e exploração do pré-sal (apesar, ressalta, das incógnitas que cercam o negócio).

Apesar do clima de euforia, especialistas observam que o Brasil ainda tem problemas importantes para resolver. O diretor da Rio Bravo Paulo Bilyk cita dois desafios importantes que o País ainda não conseguiu resolveu e podem atrapalhar os planos dos investidores (locais ou estrangeiros): infraestrutura precária e sistema educacional frágil.