01/09/10 16h08

No Brasil, rede ouve consumidor para mudar o modelo de hipermercado

Valor Econômico – 01/09/10

A reformulação dos hipermercados Carrefour no Brasil está entre as prioridades da matriz. Ontem, na divulgação dos resultados do primeiro semestre, a multinacional francesa destacou o lançamento no país de "um plano para melhorar o desempenho dos hipermercados e ampliar o crescimento da margem". Trata-se do projeto "Minha Loja", lançado há pouco mais de três meses, que envolve pesquisas com consumidores nas lojas para saber quais os produtos mais consumidos e o que o público gostaria de encontrar nas prateleiras.

O "Minha Loja" já reformou nove lojas em São Paulo e quatro unidades no Rio com base nesses resultados. As mudanças liberam maior espaço na loja para serviços e lazer. Até o fim de outubro, por exemplo, a loja do Carrefour em Sulacap, na zona oeste do Rio, vai receber seis salas de cinema, com capacidade para 1.345 expectadores. Ainda este ano, também a loja do Carrefour no bairro do Limão, zona norte da capital paulista, terá o seu complexo de cinema. A empresa está estendendo o projeto para todos os seus hipermercados, que hoje somam 114 no país.

Na visão do presidente mundial, Lars Olofsson, que assumiu a rede no início de 2009, não é preciso que o hipermercado ofereça uma gama tão grande de produtos, que possa até confundir o consumidor. A operação será muito mais eficiente se estiver focada nas necessidades do público. Foi assim com a unidade aberta pela multinacional semana passada em Lyon, na França, que adotou o modelo outlet nas seções têxtil e decoração. O Carrefour está mudando seu foco internacional para mercados onde a companhia tem condições de assumir uma posição de liderança, como a China e o Brasil. Segundo Olofsson, a companhia continuará crescendo em mercados importantes como o Brasil, China, Indonésia e Turquia, abrindo novas lojas ou via aquisições e parcerias estratégicas.

No primeiro semestre, o segundo maior grupo varejista do mundo, depois do Walmart, voltou a ter lucro. A empresa declarou estar confiante de que alcançará os objetivos traçados para 2010, com cortes de custos e gastos menores com compras. O lucro líquido no período foi de € 82 milhões (US$ 103,7 milhões). No mesmo período de 2009 houve prejuízo de € 58 milhões. A chamada "contribuição de atividade" (margem bruta das operações atuais excluindo vendas, despesas gerais e administrativas, depreciação e amortização), uma medida do lucro operacional, aumentou 7,6% para € 1,1 bilhão. A receita cresceu 6% para € 43,7 bilhões.

Na América Latina, a "contribuição de atividade" (lucro operacional) caiu 4,8% para € 141 milhões. O lucro na região caiu devido a gastos de € 69 milhões relacionados a ajustes contábeis no Brasil. Para todo o ano, custos extraordinários no Brasil deverão somar cerca de € 80 milhões, disse o diretor financeiro, Pierre Bouchut. Na Ásia, a "contribuição de atividade" subiu 28% para € 144 milhões.