08/06/10 10h12

No 2º trimestre, ritmo segue forte

O Estado de S. Paulo

É consenso entre economistas que o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre vai crescer em ritmo menor do que o registrado entre janeiro e março em razão da retirada do incentivos fiscais e da própria base forte de comparação. Mas indicadores preliminares de ritmo de atividade não atestam que esteja ocorrendo uma desaceleração e sim uma acomodação da economia num nível elevado. Isso requer a alta de juros para conter pressões inflacionárias. "O ritmo de crescimento da economia hoje não é mais chinês, mas está acima da média de 4,5%, que gera pressões inflacionárias", afirma o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges. Só pelo recuo de 0,7% da produção industrial de abril em relação a março, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não é possível afirmar que esteja ocorrendo uma forte desaceleração, diz.

Segundo o diretor da RC Consultores, Fabio Silveira, os dados de atividade do segundo trimestre que começam a ser divulgados revelam uma "certa acomodação na margem" em razão da retirada de incentivos fiscais, como a volta do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre os bens duráveis (carros e eletrodomésticos da linha branca). Além da volta do IPI, a frustração das expectativas sobre o desempenho das exportações é outro fator que reduziu o ritmo de crescimento no segundo trimestre. "Seis meses atrás, o mercado estava mais otimista em relação ao desempenho externo. A crise europeia reduziu o ímpeto de crescimento das exportações", lembra o economista. Apesar dessas mudanças, ele ressalta que o Banco Central vai continuar elevando a taxa básica de juros.

Na semana passada, a Sondagem da Indústria de Transformação da Fundação Getúlio Vargas (FGV) registrou que o Nível de Utilização da Capacidade (Nuci) caiu em maio pela primeira vez desde fevereiro de 2009. No mês passado, as fábricas usavam 84,9% da sua capacidade produtiva, 0,2 ponto porcentual a menos que em abril. "O PIB do primeiro trimestre deve vir muito forte. Só pelo efeito carry over (a influência de um período sobre o outro) justificaria a alta dos juros", diz o analista da Tendências Consultoria, Rafael Bacciotti. Nas contas da consultoria o PIB do primeiro trimestre cresceu 2,5% em relação ao último trimestre de 2009. "A atividade está se acomodando. Ainda não temos sinais claros de desaceleração."