Neoindustrialização pode aumentar valor competitivo do Brasil mundo afora
Possibilidades do Brasil em energia limpa foram debatidas no U-Talks, evento organizado por Ultragaz e Mercado&Consumo
Mercado e ConsumoA agenda ESG segue em alta pelo Brasil e pelo mundo, alertando o mercado de problemas, muitas vezes conceituais, mas possibilitando também inúmeras oportunidades, principalmente para o futuro. Considerado por muitos como um celeiro natural de energia limpa, o Brasil se encaixa bem neste cenário das oportunidades.
“A transição energética pode trazer ao Brasil a neoindustrialização. Não basta produzir energia limpa. É preciso também utilizar essa energia limpa para produzir produtos limpos”, revelou Adriano Pires, sócio-diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), em entrevista exclusiva com Aiana Freitas, editora-chefe da Mercado&Consumo, no U-Talks, evento que debateu o futuro da indústria e da transição energética na última semana, em São Paulo.
O executivo entende que a utilização da energia limpa pode ser um diferencial competitivo para o Brasil no mercado mundial. “Temos que exportar produtos feitos com energia limpa. E o mundo tem que pagar mais caro por aqueles produtos que são produzidos com essa energia. O aço brasileiro, por exemplo, tem que valer mais do que o aço chinês que é produzido com carvão”, afirmou Adriano Pires.
Brasil deve criar condições para atrair capital
Com cenário econômico favorável, o Brasil precisa criar condições para atrair o financiamento externo para a transição energética. Segundo relatório de investimentos da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), o Brasil recebeu US$ 114,8 bilhões de dólares em investimentos internacionais no setor de energias renováveis entre 2015 e 2022.
“O crescimento no Brasil tem surpreendido positivamente e a boa posição relativa do País no quadro internacional poderá contribuir para o financiamento da transição energética”, afirma Zeina Latif, sócia-diretora da Gibraltar Consulting.
Zeina destaca que há muito interesse no Brasil e que o mix de financiamento dependerá da natureza de cada projeto.
“O setor privado é muito heterogêneo. Há segmentos mais sofisticados, com elevados ganhos de produtividade e com escala de produção que permite maior engajamento na transição energética, que é custosa e não necessariamente traz ganhos de eficiência. Terão de liderar esse processo”, diz.