Naspers cresce no País e compra o Buscapé

DCI

O Brasil volta a chamar a atenção de empresas estrangeiras nas áreas ligadas à tecnologia e telefonia. Prova disso é que, em aproximadamente 20 dias, o País já recebeu três grandes investidas de conglomerados internacionais nas áreas de tecnologia e telecomunicações. A mais recente foi concluída ontem, com a venda de 91% dos negócios do site BuscaPé, especializado em serviços de comparação de preços na internet, ao grupo de mídia sul-africano Naspers, por US$ 342 milhões.

A estratégia da sul-africana, que já chegou ao País há cerca de três anos, quando adquiriu por US$ 422 milhões uma participação de 30% no grupo de mídia Abril, é expandir sua atuação em países emergentes. "O BuscaPé nos traz um negócio em rápido crescimento, alinhado ao nosso foco em comércio eletrônico. É uma plataforma de internet diversificada dentro da cadeia de valor do comércio eletrônico, nos principais mercados da América Latina", disse, em nota, Antoine Roux, responsável pela área de internet da Naspers.

A transação entre as duas empresas acontece em um momento em que o setor de comércio eletrônico está se disseminando cada vez mais no Brasil. No primeiro semestre deste ano, o segmento movimentou cerca de R$ 4,8 bilhões (US$ 2,7 bilhões), 27% a mais do que no mesmo período do ano passado. A expectativa é de que as vendas on-line encerrem o segundo semestre do ano com R$ 5,8 bilhões (US$ 3,2 bilhões). Para o Buscapé, a aquisição significa a possibilidade de expandir-se para mais países de língua hispânica ou portuguesa. "Queremos conectar melhor todas as nossas propriedades, além de alavancar a expansão internacional", explica Romero Rodrigues, um dos fundadores do BuscaPé e presidente da empresa.

Segundo ele, as conversas com o grupo sul-africano já acontecem há cerca de dois anos, mas as negociações se estreitaram há pouco tempo. Romero afirma que um dos motivos que levou a Naspers a fechar negócio com o BuscaPé foi o fato de terem encontrado um time de executivos que poderiam continuar a tocar o negócio. "O modelo da Naspers é o que o mercado costuma chamar de hands-off, ou seja, que não interfere na gestão do negócio. A tecnologia vai continuar a ser desenvolvida por engenheiros brasileiros, não vamos mudar a marca e não virão executivos sul-africanos para a empresa", esclarece.

O site BuscaPé foi fundado há cerca de 10 anos, e hoje é considerado um dos maiores provedores de serviços de comércio eletrônico na América Latina, presente em 28 países desta região. O negócio funciona como comparador de preços, direcionado ao consumidor que está pronto para comprar e busca informações comerciais sobre algum produto. Para Fábio Vargas, diretor da E-commerce Consulting, a aquisição só deve fortalecer a empresa dentro do mercado nacional, além de ajudá-la a expandir-se para mais países da América Latina. "Isso deve capitalizar mais o BuscaPé, além de fazer com que eles entrem em outros mercados."