30/01/12 15h34

Não vejo o Brasil sendo muito afetado, diz Setubal

Folha de São Paulo

Esse era o tom entre empresários e executivos brasileiros presentes no Fórum Econômico Mundial, encerrado ontem em Davos, na Suíça.

"O Brasil está muito bem-visto, com economia sólida, distante dos problemas que estamos vendo nos EUA e na Europa", afirmou Roberto Setubal, presidente do Banco Itaú Unibanco.

A percepção sobre o Brasil está bastante consolidada como muito positiva, em condições de manter uma economia razoável.

Os banqueiros brasileiros tiveram reuniões com seus pares de outros países.

"Eles veem o Brasil com muito mais interesse, mais respeito, os próprios bancos brasileiros com mais respeito. O BC é também muito bem-visto. É sobretudo o conjunto da obra que traz esse prestígio que o Brasil está desfrutando", afirmou.

Setubal observou o grande interesse de investidores. "Até de gente que não tem nada a ver com o Brasil. Interesse variadíssimo, desde gente que quer investir em terras no Brasil até querendo fazer serviços para o banco, empresas que não estão no Brasil, mas gostariam de ir, americanos, europeus..."

"A Europa é o centro das preocupações aqui, os temas euro e Europa estiveram presentes em todas as discussões que eu vi, acho que, de fato, merece preocupação grande. Acho que veremos na melhor hipótese a Europa crescendo muito pouco, por muito tempo, acho que tem de fazer um grande ajuste nas suas finanças, no seu modelo político inclusive. Acho que vai ser um período bastante difícil. Por outro lado, os EUA têm dado sinais mais sólidos de recuperação e isso ajudará certamente o mundo a manter o crescimento."

"Não vejo o Brasil sendo muito afetado por tudo isso. A gente é uma economia muito mais movida pelo mercado interno e acho que as condições no Brasil estão boas", disse.

Para Setubal, a economia crescerá mais neste ano do que em 2011.

"Entre 3,5% e 4%. A redução de juros já mostra sinais de estímulo na economia. A política monetária demora um pouco para fazer efeito, mas já começa a se perceber. Tivemos o segundo semestre de forma geral muito fraco, especialmente o terceiro trimestre, mas já estamos sentindo uma reativação."

O governo precisaria tomar outras medidas de estímulo?

"É necessário ter um pouco de paciência", respondeu. "Às vezes, se adotam pela impaciência várias medidas e quando todas fazem efeito, a dose é muito forte, para qualquer dos lados, isso acaba criando certa volatilidade no crescimento econômico, o que não é bom. O ideal é que a gente consiga manter sempre um crescimento relativamente estável, em torno de 4% ou 5%."

Com relação à política econômica, o presidente do Itaú Unibanco afirma observar uma mudança positiva.

"Vejo um peso maior na política fiscal. O Brasil tem tradição de controle da inflação via juros, via política monetária. Esse governo tem uma preocupação maior, um compromisso maior com a parte fiscal, que, acho, vai ajudar muito na redução dos juros de forma mais estável." "Acho que vamos ver esse maior compromisso em ter uma política mais apertada pode criar condições de a gente ter uma redução definitiva de juros reais no Brasil", disse.