18/08/10 16h38

Na onda de expansão dos shoppings, modelos diferentes e mais baratos

Valor Econômico – 18/08/10

Quando um brasileiro, um americano e um europeu pensam em shopping center, imagens diferentes vêm à mente. Nos Estados Unidos, é comum o conceito de "open mall", um centro de compras ao ar livre, com cinemas, lojas e restaurantes distribuídos em algumas pequenas ruas. Um espaço menor costuma ser ocupado pelos outlets dos mercados europeu e americano, onde as lojas de grife, uma ao lado da outra em um espaço térreo, conquistam a atenção dos consumidores ao oferecer peças de coleções anteriores com descontos. Já no Brasil os empreendimentos verticais, dividido por vários andares e blocos, são os mais comuns. Mas há projetos em andamento que mudam essa paisagem.

Na onda de expansão do setor estão sendo inaugurados 39 shoppings entre agosto deste ano e dezembro de 2011, com investimentos estimados entre R$ 8 bilhões (US$ 4,57 bilhões) e R$ 10 bilhões (US$ 5,71 bilhões), uma leva será aberta em formatos diferentes do tradicional. General Shopping e a novata Construtora São José apostam em shoppings ao ar livre e em outlets, que custam entre 30% e 40% menos que um empreendimento tradicional e têm um custo até 70% menor de condomínio para os lojistas. A BR Malls, a maior do setor, estuda shoppings temáticos, aproveitando o crescimento de setores como móveis, eletrodomésticos, alimentação e lazer.

Segundo o presidente do General Shopping, Alessandro Veronezi, a empresa tem mapeadas pelo menos 50 áreas no Sul e no Sudeste do país em que o conceito de "open mall" pode ser explorado. "São empreendimentos que consomem menos energia, por não ter ar condicionado, elevador e escada rolante, por exemplo, e podem ser adaptados a espaços menores, como um shopping de vizinhança", diz Veronezi, para quem os shoppings tradicionais vão encontrar a saturação mais cedo. A questão do espaço nas grandes cidades é um problema a ser resolvido pelos empreendedores do setor, que reclamam dos altos preços e da falta de disponibilidade dos terrenos.

O General Shopping foi o primeiro a resgatar o modelo outlet de luxo, com o Premium em Itupeva (SP), inaugurado há um ano, que trouxe grifes como Diesel, Giorgio Armani e Ermenegildo Zegna a preços acessíveis. "Temos uma fila de 15 marcas esperando pelo nosso projeto de expansão", diz Alexandre Dias, diretor comercial do General Shopping. Dos sete outlets explorados pela Nike no país, o Premium é o que apresenta a melhor venda. Outros grupos, como o Aliansce e Zaffari, estariam estudando o modelo de outlet de luxo. A Aliansce nega.

O modelo de "festival center", como são chamados nos Estados Unidos os empreendimentos voltados à gastronomia e ao lazer, também está no radar da General Shopping. "É uma investida interessante para pontos turísticos", afirma Dias. Na opinião de Luiz Fernando Veiga, presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), o que norteia as novas investidas é o aumento da concorrência. "É uma forma de manter sempre a atenção do consumidor e não deixar o modelo envelhecer", diz.