26/04/11 14h45

Na Helbor o olhar do dono ainda engorda o caixa, e muito

Valor Econômico

No coração do centro comercial de Mogi das Cruzes, um quarteirão inteiro é tomado pela incorporadora mais conhecida da cidade. Aos desavisados, a Helbor pode enganar. Por fora, ostenta uma fachada comercial moderna, com vidro escuro e estrutura metálica. Alguns passos dentro do imóvel, porém, e as quatro casas da família Borenstein - hoje sede administrativa da companhia - rapidamente se revelam. A sala de reuniões, decorada com carpete marrom e papel de parede bege claro, era o quarto onde Henrique Borenstein, de 75 anos - presidente do conselho - dormiu por anos com a sua esposa. Henry, presidente da companhia e filho de Henrique, nasceu em uma das casas e brincava no quintal.

O acentuado ar provinciano destoa de seus números. A Helbor abriu capital em outubro de 2007. Em 2008, vendeu R$ 445,9 milhões (US$ 243,7 milhões) e teve lucro de R$ 48 milhões (US$ 26,2 milhões). No ano passado, acumulou vendas de R$ 1,4 bilhão (US$ 795,5 milhões) e lucrou R$ 182 milhões (US$ 103,4 milhões), com margem de 18% em 2010. Nos últimos 12 meses, é a segunda maior alta do setor, com ganho acumulado de 77,78%, atrás apenas da Eztec. Com uma política de pagamento progressivo de dividendos, a companhia tem o maior retorno sobre o capital (ROE, da sigla em inglês "return on equity") do setor, 43,2% para uma média setorial de 18,8% em 2010.

O nome Helbor resulta das iniciais do nome e sobrenome do pai, Hélio Borenstein - de quem Henrique é capaz de gastar horas falando. Orgulha-se em dizer que Hélio chegou da Ucrânia em 1917 sem nada no bolso. Fez fortuna, começando com uma loja de roupas, móveis e utilidades domésticas e depois com concessionárias GM - e, sempre, muitos imóveis. Morreu em 1964, antes do nascimento da Helbor. O filho continuou investindo em imóveis e multiplicou o patrimônio da família. A empresa imobiliária da família nasceu em 1977 para administrar os aluguéis das propriedades adquiridas ao longo de algumas décadas e transformada em uma incorporadora, há 15 anos.

De prédios em Mogi, partiram para a cidade de São Paulo e Santos com empreendimentos de médio e alto padrão. Escolheram o modelo das parcerias - que entrou em xeque depois que companhias grandes, como a Cyrela, tiveram problemas. Para garantir um comprometimento maior dos parceiros, na maioria construtores, a companhia os coloca como sócios minoritários na incorporação. Em 2010, o volume da vendas da incorporadora sozinha foi de R$ 1,1 bilhão (US$ 558,4 milhões) para R$ 1,7 bilhão (US$ 965,9 milhões) somando os parceiros.

A companhia preza pela estrutura enxuta e, principalmente, barata. A gestão espartana reflete na última linha do balanço. A margem líquida foi de 14% para uma média de 18%. Enquanto outras incorporadoras estão com toda a equipe em endereços nobres de São Paulo ou Rio, com a sede em Mogi, a Helbor consegue a menor relação despesa administrativa/receita do setor: 3,4%, para uma média de 6,5% em 2010. Já as despesas comerciais representam 6,9%, para uma média setorial de 6,3%. Na sede de Mogi, trabalham 140 funcionários administrativos de um total de 210.