Na contramão da crise, empresas investem
RBN Ribeirão PretoO economista Edgard Monforte Merlo, da FEA/USP, explica que a crise é uma situação global. "Quando falamos em economia, pensamos na média, em todos os setores, em que alguns crescem mais do que os outros", diz.
A possibilidade de investimento das empresas em momentos de economia em crise depende muito do setor e de suas perspectivas. "A expectativa do setor de carne bovina, por exemplo, é boa, principalmente após a abertura da Rússia [que passou a comprar mais carne brasileira]."
"No global, as expectativas são muito ruins. Mas, ainda assim, há empresas que crescem mesmo em meio à crise", afirma Merlo.
Para o consultor Ricardo Forcenette, a busca por produtividade e bons resultados tem de ser uma meta constante das empresas. "Entretanto, em momentos de economia ruim, essa busca tem de ser intensificada", frisa.
Segundo ele, nestes momentos de crise é que aparecem excelentes oportunidades de investimento. "Porém, antes de investir é fundamental analisar o retorno do investimento e buscar financiamentos coerentes", afirma.
Para Merlo, quando a empresa vislumbra a possibilidade de obter lucro, seja para conquistar mercado, lançar produtos novos ou por possuir produtos voltados para a exportação, é possível investir. "E a empresa cresce, até quando todo mundo vai mal."
Já o consultor acredita que as empresas que conseguem investir, mesmo em momentos de crise, estão sendo mais rápidas que a concorrência. "E rapidez, no mercado competitivo de hoje, muitas vezes é um diferencial maior que o porte da empresa."
Zinho produz 130% mais
Com a expectativa de aumento de 130% na capacidade de produção, a empresa Zinho Pão de Alho, de Ribeirão Preto, investe em um novo espaço e novos equipamentos.
"Estamos em pleno desenvolvimento, com aberturas de novas áreas e melhorando os processos. A crise não pegou a Zinho Pão de Alho porque não ficamos esperando por ela", afirma o diretor João Pantuzzi.
Com dez anos de mercado, a empresa investe em um projeto de ampliação da área fabril, aquisição de novos maquinários e lançamento de novos produtos. "No dia 26 deste mês lançaremos um produto inovador", conta ele, sem detalhar informações.
Segundo Pantuzzi, fazer investimento é se preparar para não entrar na crise. "Se me falam que o ano que vem vai ser ruim, penso no que deve ser feito para não ser afetado. Então, entram todos estes investimentos", diz.
Do total investido pela Zinho Pão de Alho, 30% são provenientes de recursos próprios. "A empresa vem capitalizando há dois anos, pensando neste projeto, que começou em 2011", explica. Os outros 70% são recursos de bancos europeus e brasileiros.
Para Pantuzzi, o investimento vale a pena, principalmente quando planejado. "A expectativa é que tenhamos o retorno desse investimento em seis anos", acredita.
Com capacidade fabril de 60 mil bandejas/dia, hoje, a Zinho atua em 70% do estado, na cidade do Rio de Janeiro e em Curitiba. "Com os investimentos, ampliaremos a oferta para o Rio, Paraná e todo o estado de São Paulo."