12/07/10 12h20

Múltis precisam se adaptar

Valor Econômico

Faz sentido que as empresas atuantes no mercado de cuidados pessoais voltem suas atenções para a área de beleza, cujas margens são maiores e o potencial de crescimento é alto. Dados fornecidos pela Planner Corretora mostram que o setor de cosméticos, fragrâncias e artigos de perfumaria cresce em média 5% ao ano no mundo e atinge o montante US$ 330 bilhões. Na América Latina, a taxa é de 11% e o mercado é de US$ 45 bilhões. Deste valor, US$ 30 bilhões vêm do Brasil, onde o setor cresce 13%.

"Aqui e em outros emergentes, esse mercado, principalmente no ramo de cosméticos, tem alto potencial. Nos EUA cresce a 2%, pois já é saturado. As pessoas têm alta renda há mais tempo e já estão acostumadas com esses produtos", afirmou o analista da Planner Corretora, Rafael Burquim. Para conquistar os emergentes, no entanto, as multinacionais devem se adaptar mais ao mercado local - que já é dominado pelas empresas locais de cosméticos. Isso inclui o foco, por exemplo, no público da classe C.

"As multinacionais começaram a acordar agora que têm que adaptar suas campanhas, seu portfólio e sua forma de venda", afirmou uma fonte do mercado, dando o exemplo da Unilever, que tentou se fortalecer no Brasil lançando campanhas publicitárias de produtos voltados para a população de menor renda. A ideia seria mudar a visão do brasileiro, que tende a enxergar a marca multinacional como um padrão de produto muito alto, de preços não acessíveis.

Por outro lado, o Brasil oferece também espaço para os produtos de maior valor agregado, segundo analistas. De acordo com Iago Whately, analista da Fator Corretora, as empresas internacionais tendem a olhar com mais carinho para os mercados emergentes, principalmente depois que a desaceleração econômica dos países desenvolvidos prejudicou as vendas das marcas mais sofisticadas, com conceitos voltados para alta renda.