09/12/10 11h33

Multinacional de grãos está de olho na cana-de-açúcar

Folha de S. Paulo

Tradicional nas áreas de soja e milho, a multinacional suíça Syngenta está cada vez mais com os olhos voltados para a cana-de-açúcar. Ao completar dez anos, a empresa anuncia que investirá US$ 100 milhões no setor na próxima década e busca dobrar a produtividade da cana nos próximos 20 anos. Já em 2011, a Syngenta coloca à disposição de usinas e de produtores pequenas gemas que -a exemplo do que já ocorre com soja e milho- poderão ser semeadas com máquinas. Essas gemas (de 4 cm) são a parte que fica no entrenó dos gomos. Uma cana tem, em média, 15 gemas.

Tecnologia desenvolvida por um cientista brasileiro, o novo método atraiu a atenção das usinas e de produtores, que já fizeram pedidos no valor de US$ 200 milhões. A empresa entregará aos produtores as gemas tratadas com produtos químicos e outras substâncias para que não percam umidade e tenham crescimento. Dado o primeiro passo, os investimentos da multinacional continuam com o objetivo de elevar a produção de açúcar na cana.

Antonio Carlos M. Guimarães, presidente da Syngenta Proteção de Cultivos na América Latina, explica que a busca dessa maior produção passa pela conjugação de três fatores. Um deles é a utilização de agroquímicos que permitirão a elevação da produtividade agrícola. Outro: a utilização da biotecnologia para elevar o teor de açúcar. A maior produtividade passa, ainda, pelo aproveitamento da palha da cana, que gerará mais álcool de segunda geração. "Com isso, acreditamos que podemos dobrar a produção agrícola em 20 anos. Produzir mais açúcar para dobrar também a produção de etanol", diz o executivo. Esse aumento no rendimento industrial permitirá que se produza mais com a mesma área de cana, diz ele.

"Estamos trabalhando em operações genéticas da cana que serão lançadas possivelmente entre 2018 e 2020. Além do centro de pesquisa no país, a empresa contará com pesquisas já adiantadas em outros países e que serão trazidas para o Brasil." Essas operações genéticas permitirão que o metabolismo da cana seja enganado por mudanças genéticas, fazendo com que a planta produza de 20% a 40% mais de açúcar, o que gerará também mais etanol.