21/01/09 10h13

Multinacionais tentam chegar à baixa renda

O Estado de S. Paulo - 21/01/2009

Multinacionais como Nestlé, Unilever e Avon estão utilizando a estratégia de realizar projetos sociais e culturais em localidades pobres na tentativa de se aproximar dos consumidores de menor poder aquisitivo. Na sexta-feira, a empresa de alimentos Nestlé iniciou um projeto em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, que vai levar atividades culturais a 18 municípios em sete Estados nordestinos. Em paralelo, a empresa firmou uma parceria com o Sebrae para oferecer treinamento em gestão de negócios para pequenos comerciantes. "Nossos objetivos são aprimorar os laços com o Nordeste e fortalecer o pequeno varejo, que é o grande motor da economia nessas localidades", diz Izael Sinem, diretor de comunicação e serviços de marketing da Nestlé. A reboque, a companhia espera aumentar as vendas nessas regiões. A gigante Unilever concluiu no final de 2008 um programa social no município de Araçoiaba (PE), a 67 quilômetros de Recife. Durante três anos e com um investimento de R$ 4 milhões (US$ 2.02 milhões), a companhia se uniu à prefeitura e lideranças locais para melhorar as condições da cidade, por meio de iniciativas de apoio à economia local. Segundo um estudo feito pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) no município, o projeto da multinacional ajudou a incentivar o desenvolvimento da economia da cidade, como as cadeias produtivas do urucum e do artesanato. Somado ao efeito de projetos governamentais, as ações trouxeram melhoria de renda para a população - no final de 2008, 49% da população tinha rendimento entre um e dois salários mínimos. Há três anos, 28% estavam nessa faixa. A multinacional de cosméticos Avon também tem investido em projetos em regiões mais pobres, como o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. A empresa compôs um fundo que financia projetos de geração de renda também na periferia de grandes cidades. Para este ano, serão R$ 330 mil (US$ 143.5 mil), diz Cida Medeiros, coordenadora de comunicação institucional. No atual contexto de crise, as empresas tendem a priorizar projetos sociais que tragam resultados tanto comerciais quanto de reputação.