15/10/10 06h46

MRV prevê margens mais altas este ano

Valor Econômico

A MRV, maior empresa de imóveis populares do país, sinaliza ao mercado que a sua rentabilidade vai subir este ano. A companhia mineira aumentou a previsão da margem lajida (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) de um intervalo de 25% a 28% para 26% a 29%. "Muita gente que foi para a baixa renda, perdeu margem, mas nós estamos na contramão", diz Rubens Menin, presidente da MRV. Para conseguir aumentar as margens operando na baixa renda, a companhia reforçou a gestão de custos. "A demanda está muito forte e isso também ajuda", afirma.

Os empreendimentos, que tinham tamanho médio de 177 unidades no ano passado, passaram para 275 unidades e a meta é chegar a 418. Os terrenos adquiridos este ano seguem a nova estratégia e garantem um tamanho médio de obra perto de 500 unidades. Hoje a companhia tem 250 canteiros em operação. "A ideia é manter o mesmo número de canteiros, chegando a, no máximo, 300, com a mesma estrutura administrativa", diz, acrescentando que o comprador passou a aceitar melhor empreendimentos de grande porte, por conta das áreas de lazer.

Paralelamente, a empresa reduziu as vendas dentro do programa habitacional do governo Minha Casa, Minha Vida, embora Menin não relacione o fato ao aumento das margens. Nos últimos trimestres, a MRV estava vendendo cerca de 80% de unidades dentro do programa. No último, baixou para 71,4%. "Tivemos uma concentração de venda em cidades maiores, como São Paulo, Belo Horizonte e Brasília, onde há mais lançamentos acima de R$ 130 mil/US$ 76,5 mil (teto do programa)", explica o presidente da MRV. Nessas capitais, onde os terrenos são mais escassos e caros, a companhia vendeu empreendimentos numa faixa um pouco mais cara, até R$ 250 mil (US$ 147,1 mil).

A faixa de três a seis salários mínimos - que concentra os maiores subsídios do programa - ainda é maioria nas vendas da companhia. Representa 55%, para 24% de seis a dez salários mínimos e 20% fora do programa. "As cidades de médio porte ainda têm carência grande de Minha Casa, Minha Vida", afirma. No terceiro trimestre, a empresa vendeu R$ 889,7 milhões (US$ 523,4 milhões), alta de 12,7% em relação ao mesmo período de 2009. No ano, a companhia vendeu R$ 2,6 bilhões (US$ 1,53 bilhão), aumento de 25,8% em relação a janeiro a setembro do ano passado. A meta de vendas da MRV para o ano oscila entre R$ 3,7 bilhões (US$ 2,18 bilhões) e R$ 4,3 bilhões (US$ 2,5 bilhões) - o que significa que ainda precisa vender, pelo menos, mais R$ 1,1 bilhão (US$ 647,1 milhões) no último trimestre, que geralmente é o melhor da indústria.

Os lançamentos entre julho e setembro somaram R$ 1 bilhão (US$ 588,2 milhões). No ano, a empresa lançou R$ 2,8 bilhões (US$ 1,65 bilhão), alta de 79,5% sobre os nove primeiros meses de 2009. "Vamos aumentar os lançamentos tanto no quarto trimestre deste ano, quanto no primeiro de 2011", disse Menin. Segundo o empresário, o planejamento feito nos últimos anos tem funcionado, o que permite à companhia entrar num patamar maior de lançamentos.