MRV aposta em grandes projetos para crescer
Valor EconômicoA MRV Engenharia aposta no lançamento de grandes projetos em capitais e regiões metropolitanas para crescer em 2017. A maior incorporadora brasileira não divulga o Valor Geral de Vendas (VGV) projetado para o próximo ano, mas o co-presidente Rafael Menin conta que são estimados R$ 4,3 bilhões em grandes empreendimentos - o correspondente a 26.500 unidades -, distribuídos no prazo de três a cinco anos, com início no fim de 2016. Todavia, o ritmo de lançamentos dependerá das vendas.
Os investimentos previstos para esses projetos chegam a R$ 2,6 bilhões, incluindo licenças, obras e despesas com marketing. Os projetos de grande porte serão lançados, em fases, em São Paulo, nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, de Belo Horizonte, Salvador e Porto Alegre, e enquadrados no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, nas faixas 1,5, 2 e 3. Em Goiânia e na região metropolitana da capital, não será lançado um complexo, mas quatro grandes projetos.
Os grandes empreendimentos têm de 3 mil a 7 mil unidades. Os primeiros lançamentos dessas dimensões ocorrerão em São Paulo - com total de mais de 7 mil unidades - e em São Gonçalo (RJ) - 3 mil unidades. A maior parte dos projetos da MRV tem entre 300 e 400 apartamentos.
Ainda que reconheça que a demanda por imóveis direcionados para a baixa renda também foi afetada pela economia, Menin diz que a restrição da oferta foi superior. "No segmento, a oferta foi reduzida mais rapidamente do que a demanda e, por isso, a MRV conseguiu manter as operações no mesmo tamanho nos últimos três anos", diz o executivo.
A companhia pretendia já ter lançado mais produtos em capitais e cidades de maior porte das regiões metropolitanas, segundo Menin, mas os prazos para a obtenção de licenças foram superiores aos esperados. A MRV estimava crescer 10%, neste ano, em lançamentos e vendas, o que não foi possível porque as licenças não saíram a tempo, e os bancos aumentaram o rigor para a concessão de crédito para clientes. Em 2015, a MRV lançou R$ 4,7 bilhões e vendeu R$ 5,49 bilhões. Foram vendidas 35,78 mil unidades.
"Não temos nenhum produto não lançado, em capitais, que já tenha licença e registro de incorporação", conta o co-presidente. A expectativa é que, no próximo ano, a expansão seja muito maior nas capitais do que no interior.
A MRV reforçou a compra de terrenos em cidades de maior porte desde 2013. Na primeira fase de crescimento após a abertura de capital, em 2007, o foco foi crescer em municípios menores, na contramão das outras incorporadoras listadas em bolsa. "A partir de 2013, a maioria das empresas optou por não atuar mais no segmento econômico, a MRV passou a recuperar margem bruta, gerar caixa, se desalavancar e a recompor o banco de terrenos nas capitais e regiões metropolitanas", diz Menin.
Desde 2014, os desembolsos com terrenos ficaram próximos a R$ 700 milhões. As aquisições são feitas metade em dinheiro e metade por meio de permuta. De janeiro a setembro, a companhia gastou mais de R$ 200 milhões em terrenos. No fim do terceiro trimestre, o VGV potencial do banco de terrenos somava R$ 39,6 bilhões.