25/03/11 11h54

MRS prevê investir US$ 882,4 milhões neste ano

Valor Econômico

A MRS Logística, concessionária de ferrovia que opera malha de 1,65 mil quilômetros, considera que 2010 foi o ano de arrumação da casa, com ajustes fiscais e financeiros, bem como operacionais. Fortemente focada em carga pesada, traçou como meta ampliar sua participação em carga geral e ter uma presença relevante em um mercado que cresce bastante a cada ano no país, o de movimentação de contêineres. Os investimentos programados para este ano vão duplicar em relação aos R$ 707 milhões (US$ 401,7 milhões) aplicados no ano passado. Eduardo Parente, à frente da presidência da MRS desde agosto de 2009, disse que esse montante tem como alvo reforçar a estrutura de material rodante para dar maior velocidade aos trens e aumento de capacidade de transporte da via. Apenas em locomotivas serão mais de R$ 400 milhões (US$ 235,3 milhões), com incorporação de 90 máquinas.

"O investimento é robusto, pois abrange várias frentes de operações da companhia", explica Parente. Envolve também o novo sistema de sinalização da via, construção de pátios ao longo da malha, mais vagões, início de instalação do projeto Contrail - para movimentação de contêineres no eixo São Paulo-porto de Santos - e começo do projeto de segregação da malha na região metropolitana de São Paulo, permitindo separar vias de cargas e passageiros, ampliando o transporte. Para o executivo, a MRS tem dois desafios importantes neste ano, ou três. Primeiro: absorver toda a demanda extra de minério de ferro (sua principal carga) de clientes atuais, como Vale, CSN e Usiminas, e de novos, como MMX, ThyssenKrupp CSA (minério da Vale) e Ferrous. Na carga geral, ampliar o transporte com investimento em vagões especializados para produtos siderúrgicos. A outra grande aposta é o mercado de contêineres, do qual a empresa espera no futuro uma participação importante na receita.

Um outro desafio tem sido a formação de mão de obra especializada, um elemento escasso no país, para acompanhar o plano de crescimento da empresa, informa Parente. Esse foi um dos fatores de elevação de custos e ajudou a impactar a margem do resultado operacional. A concessionária fechou 2010 com quase 4,6 mil funcionários e prevê 5.685 mil ao fim de 2011. Operacionalmente, a MRS teve um desempenho positivo no ano passado, com crescimento de quase 12% no volume transportado. No entanto, financeiramente, o resultado da empresa, criada em 1996, foi inferior ao do exercício anterior.

Para este ano, Parente está otimista e seu principal alvo é recuperar parte da margem operacional perdida no ano passado. Caiu de 54% para 36%. Um dos pontos é recompor as tarifas cobradas de seus clientes - mais de 70% da carga é minério de ferro e carvão. "Um fator importante foi a limpeza que fizemos no nosso balanço no ano passado", diz. A companhia evitou apontar perspectiva de volume a ser transportado no ano, porém, no primeiro bimestre, houve uma expansão de quase 9% no volume de carga, atingindo 22,5 milhões de toneladas.

A MRS opera malha ferroviária nos Estados de Minas Gerais, Rio de janeiro e São Paulo, com acesso aos portos do Rio, Itaguaí e Santos. É resultado da privatização da Malha Sudeste da antiga Rede Ferroviária Federal (RFFSA). Os maiores acionistas controladores da concessionária - e seus principais usuários - são a Cia. Siderúrgica Nacional (CSN), a Vale, a Usiminas e o grupo Gerdau.