19/06/11 10h37

Mostra aproxima design da indústria

Folha de S. Paulo

A primeira edição do Salão Design São Paulo -mostra que integra exposições e seminários na capital paulista- tem meta ambiciosa: mostrar aos empresários brasileiros que um salão de arte pode se conectar à indústria. O evento, que termina hoje na Oca, no parque Ibirapuera, deve se repetir todos os anos, sempre no mês de junho e ao lado da São Paulo Fashion Week. A organização é da Luminuras, de Paulo Borges, idealizador da semana de moda, e da WKL, do colecionador Waldick Jatobá, da produtora Katia d'Avillez e da economista Lidia Goldenstein. "O design é sem dúvida um dos fatores de diferenciação e competitividade mais importantes do mundo atual", diz a economista.

Para ela, o acirramento da concorrência com novas tecnologias e com a migração da produção industrial para a Ásia obriga as empresas e as cidades a se diferenciarem por outros meios. Entre eles, o da economia criativa, que reúne a produção intangível, ligada ao conhecimento e à criatividade. "Não queremos e nem podemos competir por meio de mão de obra barata. O que queremos é competir por um caminho mais qualificado. E esse é o caminho que todos os países estão tentando seguir", afirma Goldenstein.

O salão exibe peças de designers como os brasileiros irmãos Campana -homenageados no salão-, o israelense Tal Lancman e o italiano Maurizio Galante. Todos investem na produção de móveis e objetos em número limitado e também em adaptações para a fabricação em escala industrial. A exemplo de fabricantes de roupas que fazem parcerias com estilistas em linhas de produtos especiais, indústrias como a de móveis trilham o mesmo caminho. A designer Claudia Moreira Salles, que expõe no salão paulista, articula parceria com a Butzke, fábrica de móveis de Santa Catarina. "O industrial brasileiro está percebendo que o design faz diferença, que não é só chegar na empresa e fazer um produto bonito. O design entra na empresa e aponta caminhos que o industrial não estava percebendo."

Ana Brum, coordenadora de projetos do Centro de Design Paraná, tem igual percepção. O centro, articulado com entidades do governo federal, organiza a participação de empresas brasileiras no prêmio alemão IF Product Design Award. Na edição retrasada, uma escova de dentes feita pela brasileira Condor foi uma das condecoradas. Segundo Brum, o produto nasceu após o contato da fabricante com um escritório de design que aceitou o desafio de conceber um item que concorresse com os chineses e que custasse menos de R$ 1 (US$ 0,625). "Existe o estigma de que o design é para poucos, mas os empresários estão absorvendo a ideia de que é uma ferramenta para inovar e que para isso eles não precisam de tantos recursos", diz ela.

Na edição passada do prêmio, das 400 empresas que procuraram o centro para se inscrever, 60% eram de micro ou pequeno porte. Entre as 100 companhias -de todos os portes- que concorreram, 23 receberam distinções por produtos, de tapete a totem de autoatendimento. O centro também mantém um site para aproximar os designers do setor produtivo, com informações práticas como as instruções para fazer um contrato com profissionais da área. O endereço é www.designbrasil.org.br.