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Morgan Stanley vai investir em usina de álcool no Brasil

Valor Econômico - 08/07/2008

O grupo Morgan Stanley vai investir em uma usina de álcool no Brasil e definirá até o fim do ano seu parceiro nesse novo empreendimento. O interesse de um dos três maiores bancos de investimento dos EUA no etanol brasileiro começou em setembro do ano passado, quando a divisão de commodities do grupo deu início no país à exportação do combustível. Embora seja um negócio relativamente novo para a companhia, as exportações de etanol contratadas pela área de commodities do Morgan Stanley para 2008 deverão somar de 10% a 15% do total embarcado no país. A Unica (União das Indústrias de Cana-de-Açúcar) estima exportações totais de até 5 bilhões de litros para a safra 2008/09. "O Morgan Stanley tem interesse em álcool à base de cana", disse ao Valor Irineu Meira, vice-presidente da divisão de commodities no Brasil e coordenador de energia, que inclui petróleo e derivados, braço controlado pelo Morgan Capital Group, que será responsável pelos investimentos em usinas no Brasil. Os investimentos do Morgan Stanley serão definidos nos próximos meses e não deverão ficar restritos a apenas uma unidade industrial. Neste primeiro momento, contudo, o grupo analisa uma participação em torno de 40% nessa primeira planta. O que é certo é que essa primeira usina deverá ser próxima de um porto, de preferência o de Santos (SP). No país, a divisão de commodities do grupo começou a negociar álcool a partir de setembro de 2007. O Brasil já abastece mais de 50% do volume global de etanol negociado pelo Morgan Stanley, segundo Irineu Meira. O grupo tem empresas próprias de formulação de gasolina nos EUA e na Europa. Metade do volume exportado pelo Morgan Stanley é consumido pelas empresas do próprio grupo e o restante no mercado internacional. Segundo Meira, parte do etanol exportado pelo grupo a partir do Brasil é enviado para Transmontaigne, que trabalha na formulação da gasolina que será distribuída para os postos de combustíveis americanos. Essa gasolina formulada tem uma mistura de cerca de 10% de álcool anidro brasileiro. O Morgan Stanley formula aproximadamente 20 bilhões de litros de gasolina por ano. Na Europa, o álcool anidro do país chega pelo porto de Roterdã, na Holanda, e também é adicionado à gasolina antes de ser distribuído aos postos de combustíveis. Meira afirmou que o grupo também tem interesse em fazer o mesmo no mercado asiático, sobretudo Japão e Cingapura. O interesse estrangeiro no setor sucroalcooleiro do país não é novo e reflete o potencial de demanda por etanol no mercado internacional. Grupos ligados ao mercado financeiro também passaram a olhar o segmento como forma de investimento. O primeiro foi o banco americano Goldman Sachs, que por meio de um fundo, negociou participação minoritária no grupo Santelisa Vale, de Sertãozinho (SP), em 2007.