29/12/09 09h59

Montadoras terão 80 lançamentos em 2010

O Estado de S. Paulo

Sem a muleta do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido, que impulsionou o mercado durante o ano inteiro e em 2010 só terá validade até março, a indústria automobilística aposta em lançamentos e na continuidade do crédito fácil para superar as vendas deste ano em pelo menos 300 mil unidades e bater novo recorde, com 3,4 milhões de veículos novos só no mercado interno. Até agora, há indicações de pelo menos 80 lançamentos no próximo ano, entre carros nacionais e importados.

A indústria automobilística responde por mais de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e conta também com a continuidade do crescimento econômico para garantir em 2010 seu melhor ano da história. Este ano já foi recorde, embora tenha começado sob forte turbulência internacional. Até dia 24, foram licenciados 3,085 milhões de veículos. Com as 40 mil unidades previstas para serem vendidas esta semana, o setor encerrará o ano com mais de 3,1 milhões de unidades, 10% acima de 2008. Com o desempenho, o País garante o posto de quinto maior mercado mundial de veículos pelo segundo ano seguido. Em produção, assegura o sexto lugar, mesmo perdendo importante fatia nas exportações por causa da crise nos principais mercados compradores e da valorização do real.

"O Brasil seguirá crescendo e pode se tornar o quarto mercado mundial, pois a Alemanha vai cair", aposta Sérgio Habib, presidente do grupo SHC e ex-dirigente da Citroën do Brasil. Dono de uma das maiores redes de revendas de várias marcas, também será representante no País da luxuosa Aston Martin e da chinesa JAC a partir de 2010 e promete trazer dez carros inéditos para o Brasil.

Para o consultor Luiz Carlos Augusto, superintendente da Jato Dynamics, "o Brasil deve manter a quinta posição no mercado mundial, mas se aproximará mais ainda da Alemanha com crescimento acima de 8%". Segundo ele, "2010 será um ano com maior estabilidade econômica mundial, melhorando a confiança em investimentos e aumentando a capacidade de alavancagem produtiva."

Ao consolidar-se como quinto maior mercado e sexto maior produtor de veículos, o Brasil será olhado como um país de oportunidades, diz o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider. "Daqui em diante, não dá para as companhias tomarem decisões estratégicas sem considerar o Brasil." A nova posição de jogador global também implica riscos, ressalta Schneider. Ele teme a chegada de empresas oportunistas, que vão se valer do mercado em crescimento sem investir em unidades efetivamente produtivas. "Queremos fábricas que produzam, comprem peças e empreguem aqui."