06/06/10 11h02

Montadoras miram mercado local para desenvolver veículos

Folha de S. Paulo

As montadoras estão mais dispostas a investir no desenvolvimento de novos modelos de automóveis no país. Dados do BNDES mostram que as principais montadoras no país, como Volkswagen e GM, já entraram com pedidos de financiamento no programa Pró-Engenharia, destinado a fomentar o desenvolvimento de produtos. A carteira atual de pedidos de financiamento soma R$ 2,5 bilhões (US$ 1,4 bilhão) , com investimentos totais de R$ 3,8 bilhões (US$ 2,1 bilhões). "O Brasil aos poucos se torna um grande centro de desenvolvimento de veículos", diz Paulo Castor, do BNDES. O país é o 5º mercado em vendas, atrás de China, EUA, Japão e Alemanha.

Está tão latente o interesse em fazer do Brasil um polo de desenvolvimento tecnológico que, segundo o presidente da Anfavea (associação de montadoras), Cledorvino Belini, talvez seja preciso um modelo ainda mais abrangente de financiamento. "Temos conversado com o BNDES sobre esse tema. Hoje só exportamos produtos. Queremos ter condições para também exportar projetos de engenharia automotiva. Queremos fazer do Brasil um centro de desenvolvimento automotivo." Entre os passos para atingir o objetivo, Belini cita a formação de especialistas e gasto com centros de pesquisa, tudo com apoio do governo, sob a forma de financiamento e estímulo tributário. Os principais competidores do Brasil seriam os Brics. "O país já tem volume suficiente de vendas para justificar a criação de modelos para o mercado interno e para exportação", diz André Beer, ex-presidente da Anfavea.

A situação das estradas e o uso do etanol já obrigavam as montadoras a fazer mudanças nos carros para o mercado local. Nos últimos anos, elas têm buscado aplicar mais recursos em laboratórios de engenharia e em produtos 100% nacionais. Um dos últimos lançamentos é o Novo Uno, da Fiat. Segundo Carlos Henrique Ferreira, engenheiro da montadora, do design aos testes de protótipos, tudo foi desenvolvido no país. Além do Brasil, o carro será vendido em outros países da América Latina. Segundo Castor, do BNDES, a linha de crédito em moeda local é um diferencial na disputa entre as filiais das grandes montadoras. Na prática, as empresas podem obter recursos para financiamento e produzir o modelo até mesmo em outros países. O importante no caso é a engenharia do produto ser desenvolvida no Brasil.