30/03/10 11h10

Montadoras iniciam contratações para atender à demanda

O Estado de S. Paulo

Mesmo sem a renovação do corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os automóveis, medida descartada pelo governo após três prorrogações ocorridas ao longo do ano passado, o setor automobilístico aposta em vendas recordes no ano, de 3,4 milhões de unidades, levando-se em conta que a economia não terá grandes tropeços até dezembro. Em 2009, foram vendidos 3,1 milhões de veículos. Para dar conta da demanda, as empresas anunciaram este mês novas contratações. A Fiat vai ampliar seu quadro em Betim (MG) em 1 mil pessoas até maio e a General Motores abrirá 1,5 mil postos na unidade de São Caetano do Sul (SP) ao longo dos próximos meses.

A previsão otimista das montadoras não é unânime. Para o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, a indústria automobilística brasileira dificilmente repetirá o desempenho de 2009, mesmo com os sinais positivos da economia, como a disponibilidade de crédito e a melhora no nível de emprego. Para ele, o mercado interno deverá ficar estagnado ou crescer no máximo 5%. "Muita gente que ia trocar de carro este ano antecipou a troca para 2009, deslocando, assim, para aquele ano parte do crescimento previsto para 2010", diz.

Segundo Borges, um dos fatores que devem impedir melhores resultados para a indústria é o aumento dos preços. "Daqui até o fim do ano os preços dos carros novos devem subir quase 10%, incluindo o repasse do IPI, reajuste do preço do aço e uma série de fatores que vão refletir nos preços e, certamente, pesar contra o mercado." Em sua análise, o recorde de vendas neste mês é apenas em números absolutos, pois, descontada a sazonalidade típica desse período, os negócios estão estagnados nos níveis registrados desde outubro do ano passado.

Pelas contas da LCA, descontada a sazonalidade, a média diária atual de vendas de automóveis e comerciais leves está menor em relação aos últimos meses do ano passado. De acordo com números preliminares obtidos no mercado até sexta-feira, a média diária de licenciamentos de automóveis e comerciais leves está em 13,3 mil unidades, totalizando no período 267.640 unidades nesse segmento.