07/04/08 10h45

Montadoras estão importando para atender a demanda

Valor Econômico - 07/04/2008

No pico da capacidade, a indústria automobilística não consegue mais atender à demanda interna e aos contratos de exportação apenas com a produção local. Mais do que nunca esse setor depende da importação. A comparação entre o total de veículos produzidos de fevereiro de 2007 a março deste ano e os volumes vendidos no país e no exterior no mesmo período indica um déficit de 327 mil veículos, que foram trazidos de outros países, principalmente da Argentina e México. Com programas de investimentos já prontos para uma expansão industrial imediata, as montadoras começaram a se preparar para ampliar a capacidade. Hoje o setor é capaz produzir 3,5 milhões de veículos por ano. Com programas de investimentos que somarão US$ 5 bilhões até 2010, o setor ampliará a capacidade para 3,85 milhões de unidades já este ano e para 4 milhões daqui a dois. Estimativas da cadeia de fornecedores indicam que junto com a indústria de autopeças, o total de investimentos pode chegar a US$ 20 bilhões. Os fabricantes argumentam que as expansões serão adequadas à demanda. Entre fevereiro de 2007 e março de 2008, as montadoras produziram apenas 91,5% do volume necessário para atender à demanda doméstica e para as exportações. No período, foram 3,548 milhões de veículos produzidos, enquanto que as vendas totais chegaram a 3,875 milhões de unidades. A diferença de 327 mil veículos foi suprida por meio da importação. No mesmo intervalo, as importações mostraram um crescimento médio de 6,43% ao mês, com um volume acumulado de 324 mil veículos, entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Mesmo que consigam elevar a produção para atender a uma demanda que está sendo puxada pela expansão da oferta de crédito no país, os fabricantes se preparam para elevar os valores de importação. No ano passado, foram importados 250 mil veículos. Os dirigentes da indústria começaram o ano já se preparando para um volume de veículos trazidos do exterior que pode chegar muito perto de 400 mil unidades. Somente no primeiro trimestre deste ano, as importações somaram 80,8 mil unidades, uma alta de 60% em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar de o crescimento da demanda ter surpreendido a própria indústria, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider, lembra que os investimentos anunciados recentemente pelas montadoras deverão ajudar a equilibrar a conta. O dirigente admite, ainda, que os últimos aumentos nos preços de algumas matérias-primas da cadeia automotiva poderão levar a reajustes nos preços dos automóveis.