Modal fecha parceria em infraestrutura
Valor EconômicoO banco Modal, a australiana Macquarie Capital e a China Communications Construction Company (CCCC) fecharam parceria estratégica que prevê investimentos iniciais de R$ 500 milhões em infraestrutura e logística na América Latina. Os três se associaram na MDC, joint venture que fará investimentos em projetos em estágio inicial, conhecidos como "capital semente".
"Achamos que há uma oportunidade enorme em projetos de infraestrutura que estão na primeira fase, ou seja, ainda estão sendo feitas análises e estudos e licenças precisam ser obtidas", afirma Eduardo Centola, sócio do Modal. "A ideia é entrar nesse primeiro momento e auxiliar o empreendedor a se estruturar e dar o segundo passo, que é acessar financiamento de longo prazo, via BNDES, fundações, linhas bancárias ou organismos multilaterais, etc", diz.
Cristiano Ayres, também sócio do Modal, afirma que muitos projetos bons, por falta de capital inicial do empreendedor, acabam não sendo viáveis. É esse espaço que a MDC quer preencher.
O Modal atuará na assessoria financeira para os investimentos da MDC no Brasil. Vai identificar projetos, analisá-los e levá-los ao conselho, que terá representantes dos três sócios. Uma vez fechado o investimento, trabalhará no desenvolvimento até que o negócio possa acessar o financiador de longo prazo. Nessa etapa, o capital remunerado volta para a MDC e poderá ser reinvestido em outros projetos.
Um primeiro aporte da MDC deverá ser em um porto no Brasil. Centola diz que horizonte de investimentos em infraestrutura na América Latina é amplo e inclui projetos privados dos setores de portos, rodovias, ferrovias, veículo leve de transporte e até mesmo hospitais.
As conversas com os sócios internacionais começaram há cerca de um ano. A parceria foi fechada na semana que antecedeu o segundo turno das eleições.
"Independentemente do resultado, eles entendiam que haveria disposição do governo em dar incentivos para o setor de infraestrutura no Brasil, diante das carências e necessidades, que são notórias e transformam-se em grandes oportunidades", diz Ayres. "Quem olha para infraestrutura tem um viés de mais longo prazo, o que facilita muito minimizar riscos de conjuntura. Mas ter esses dois gigantes dispostos a investir aqui é uma sinalização positiva para o país", completou.
A Macquarie Capital é a divisão de banco de investimento do grupo australiano, administra mais de US$ 400 bilhões em ativos globalmente e cresceu com negócios na Ásia. Centola conta que os executivos concluíram que o Brasil é um mercado complexo e que precisariam de um parceiro local para alavancar a atuação.
A empreiteira chinesa CCCC teve receita bruta equivalente a R$ 124 bilhões em 2013 e vai contribuir com sua expertise. "Mas eles também olham essa iniciativa como uma forma de aprender mais sobre o Brasil", diz Centola. Não existe uma obrigação de a MDC contratar a CCCC como uma empresa de engenharia para os projetos. Mas a chinesa terá oportunidade de fazer coinvestimentos. Os executivos do Modal têm ainda encontros agendados com fundos de pensão internacionais interessados em investir em infraestrutura na América Latina e que podem tanto ser coinvestidores nos projetos escolhidos pela MDC ou se associarem à empresa, ampliando seu capital inicial, de R$ 500 milhões.