Ministro argentino discute na FAPESP a qualificação da pesquisa conjunta
Agência FAPESPO ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação Produtiva da Argentina, José Lino Salvador Barañao, reuniu-se com dirigentes da FAPESP na quinta-feira, 20 de agosto, na sede da Fundação, em São Paulo. O objetivo do encontro foi discutir aspectos dos projetos de pesquisa colaborativa atualmente em vigor, desenvolvidos no âmbito do convênio entre a FAPESP, a Universidade de São Paulo (USP) e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação Produtiva (MINCyT) e do acordo firmado entre a FAPESP e o Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (CONICET), ambos da Argentina.
Acompanhado de Águeda Menvielle, diretora nacional de relações internacionais do MINCyT, Roberto Salvarezza, presidente do CONICET, e Gabriel Hernán Rivera, cônsul-geral da Argentina em São Paulo, o ministro foi recebido por Celso Lafer, presidente da FAPESP, Eduardo Moacyr Krieger, vice-presidente, e Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fundação.
Também participaram da reunião Marilda Bottesi, assessora especial para Colaboração Científica, e Carlos Eduardo Lins da Silva, consultor em Comunicação da FAPESP. O aprofundamento das relações institucionais e a qualificação dos projetos conjuntos de pesquisa foram os principais temas do encontro, que ocorreu para dar continuidade aos assuntos discutidos na visita feita por Lafer e Brito Cruz à sede do ministério argentino durante a FAPESP Week Buenos Aires, de 7 a 10 de abril deste ano.
Para Lafer, a dimensão da ciência produzida em São Paulo e os projetos de pesquisa conjunta com instituições argentinas reforçam a necessidade estratégica de aprofundamento da relação já existente, o que constituiria também uma forma de ampliar internacionalmente a visibilidade dos resultados já alcançados.
“Na Argentina, o CONICET é nosso interlocutor natural, com quem temos uma parceria sólida, consistente e com potencial de ampliar-se”, disse, mencionando a realização da FAPESP Week Buenos Aires, que reuniu pesquisadores do Estado de São Paulo e de diferentes instituições argentinas de ensino e pesquisa.
Desde outubro de 2010, a FAPESP mantém um acordo de cooperação com o CONICET, principal órgão dedicado à promoção da ciência e da tecnologia na Argentina, com o objetivo de expandir a colaboração científica entre a Argentina e o Estado de São Paulo mediante o financiamento de projetos conjuntos de pesquisa e de outras atividades científicas.
O acordo já resultou em três chamadas conjuntas de propostas que selecionaram e financiam atualmente 39 projetos de pesquisa em diversas áreas do conhecimento. Exemplo disso é o Large Latin-American Millimetric Array (LLAMA), um projeto de colaboração argentino-brasileiro que prevê a construção de um radiotelescópio de ondas milimétrica e submilimétrica, no noroeste argentino, a mais de 4.700 metros acima do nível do mar. O projeto é considerado um dos ícones da pesquisa colaborativa entre os dois países, envolvendo a FAPESP e o MINCyT.
Parceria estratégica
Na avaliação de Brito Cruz, que apresentou um balanço da pesquisa colaborativa empreendida pela FAPESP nos últimos anos, as conquistas obtidas refletem uma escolha estratégica por parcerias internacionais sólidas e com potencial de avanço.
O diretor científico da Fundação destacou que a possibilidade de previsão de recursos para a pesquisa, característica da FAPESP, é o que permite encampar iniciativas multianuais, citando como exemplo projetos de longo prazo, como os Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) apoiados pela FAPESP.
“As bolsas recebem um terço do orçamento da Fundação para pesquisas, e programas como o Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), voltado para o investimento em inovação em pequenas empresas, também contribuem para a manutenção de outro índice importante, como os 51% de participação das empresas na pesquisa desenvolvida em São Paulo”, destacou Brito Cruz.
Segundo Barañao, nos últimos anos a Argentina também promoveu mudanças institucionais importantes, que permitiram criar um ambiente mais propício para a pesquisa científica naquele país. Em sua visão, os ambientes de pesquisa em São Paulo são os mais favoráveis para aprofundar as parcerias já existentes.
“A cooperação com o Brasil tem importância não apenas pelo componente de irmandade que nos une, mas por ter a possibilidade de real contribuição para ambos os países. Queremos melhorar as condições de pesquisa conjunta e projetos de grande envergadura, como o LLama, são fundamentais para isso”, disse.
Ele lembrou, ainda, um editorial recente publicado pela revista Nature que destaca a cooperação em pesquisa entre Brasil e Argentina como a maior do mundo, superior inclusive à cooperação entre os países escandinavos.
Para Salvarezza, o momento agora é de desenvolver projetos feitos não apenas por um pesquisador brasileiro e outro argentino, mas por grupos de pesquisadores nos dois países, com maior envolvimento das instituições em que se desenvolvem as pesquisas conjuntas.
“Estamos em uma etapa de mudanças, com avanços importantes, e a FAPESP é um modelo para aprofundarmos a cooperação com instituições brasileiras, o que torna a atividade científica entre os dois países cada vez mais significativa”. Segundo ele, essa cooperação pode ser medida pelo número de publicações conjuntas com brasileiros, que envolvem atualmente um terço de todas as publicações argentinas feitas com pesquisadores de outros países.