06/12/18 12h22

Ministério da Cultura e Ancine vão investir mais de R$ 45 milhões em mercado de games

Trata-se de uma nova política nacional de games, que pela primeira vez contemplará projetos de realidade aumentada e realidade virtual

Estadão

O Ministério da Cultura e a Agência Nacional do Cinema (Ancine) anunciaram nesta quarta-feira, 5, que serão investidos mais de R$ 35 milhões para a produção e comercialização de jogos eletrônicos, além de mais R$ 10 milhões em aceleradoras de produtoras de games. Trata-se de uma nova política nacional de games, que pela primeira vez contemplará projetos de realidade aumentada e realidade virtual.

 O primeiro edital da Ancine voltado para o mercado de games foi lançado em 2016 e nos últimos dois anos destinou um investimento no valor de R$ 10 milhões. Agora, esse número subiu para R$ 35 milhões. O presidente da Associação Brasileira das Empresas Desenvolvedoras de Jogos Digitais (Abragames), Sandro Manfredini, disse em entrevista ao Estado que o crescimento é importante se considerado o histórico brasileiro. “Estamos em um processo de construção de política pública para games, almejamos investimentos maiores no futuro”, disse.

 Para Manfredini, o maior avanço da nova política é não restringir os investimentos à produção de games – o edital contempla também a comercialização, o marketing e a base do mercado de games, que é a capacitação de empreendedores.

 O anúncio foi feito no evento Comic Con Experience. Na ocasião, o ministro da cultura Sérgio Sá Leitão reforçou a importância de investir no mercado de games, que, na sua visão, vem se mostrando muito promissor. “O Brasil é atualmente o 13º maior produtor de games do mundo, ao mesmo tempo que tem a terceira maior população de jogadores do planeta, com 66 milhões de pessoas”, disse Leitão.

 Realidade virtual e aumentada. Na nova política, um valor mínimo de 10% do edital será destinado a projetos de realidade virtual e aumentada. Agora, um jogo de console, por exemplo, pode usar a oportunidade de financiamento para oferecer o conteúdo em uma plataforma de realidade virtual.

 A Abragames foi uma das grandes defensoras desse financiamento no processo de construção do edital. “Vemos como é fundamental o investimento nessa área que está em formação” diz Manfredini, “o grande público ainda não está consumindo esses conteúdos”. Em entrevista ao Estado, o produtor Rodrigo ‘Chips’ Scharnberg, da produtora gaúcha Rockhead, disse que vê com bons olhos a atenção para essas tecnologias. “Quando se faz um produto em um mercado que está em ebulição, a empresa consegue captar muito mais recursos e depois seguir com as próprias pernas”, disse. 

 A iniciativa leva em conta a estrutura do mercado de games do Brasil, que é formada principalmente por micro e pequenas empresas. “Não temos na indústria brasileira de games empresas grandes com ampla experiência. A maioria é cria dos anos 2000”, diz o produtor da Rockhead.