14/04/08 11h43

Mineração, bancos e siderurgia navegam em rentabilidade

Valor Econômico - 14/04/2008

Embora não se espere um ano tão glamouroso para o mercado de capitais - em número de ofertas, ingresso de novas empresas e valorização das ações -, as companhias abertas brasileiras devem continuar a brilhar em 2008. A expectativa é que a saúde financeira e a rentabilidade das empresas continuem fortes, a despeito da crise financeira externa e da possibilidade de aumento de juros no país. Os setores que devem se destacar em resultados são praticamente os mesmos de 2007, como mineração, siderurgia e financeiro. E o fato de se prever mais do mesmo não é uma má notícia, pois em tempos de crise é tranqüilizante a avaliação de que se pode contar com a previsibilidade e a continuidade do bom desempenho das companhias. O setor de mineração, puxado pela Vale, deve se manter nos primeiros lugares do ranking de rentabilidade do país neste ano, segundo os analistas. Pedro Galdi, da corretora ABN Amro Real, explica que o principal motivo é o reajuste do minério de ferro, acima de 65%, que tem sido fechado pela Vale nas negociações com os clientes internacionais. Isso por causa da grande procura pelo produto, especialmente da China. Outro setor que é promessa de grande retorno neste ano é o de metalurgia e siderurgia. "Apesar do aumento do custo dos insumos, como o próprio minério de ferro, as companhias estão conseguindo repassar essa alta para os preços dos produtos vendidos", destaca o estrategista de renda variável da Unibanco Corretora, Vladimir Pinto. Esse movimento é possível devido à demanda tanto interna, proveniente da indústria automobilística, quanto externa. No ano passado, o setor de metalurgia e siderurgia foi o terceiro mais rentável, atrás de "outros" e mineração. Conforme o estudo do Valor Data, apresentou rentabilidade sobre o patrimônio de 27,6%. Já por conta do mercado interno, um segmento da economia que deve manter os bons resultados neste ano é o financeiro, incluindo bancos e empresas de serviços, como a processadora de transações de cartões de débito e crédito Redecard. A expansão do crédito acima de 20% ao ano justifica as expectativas. Na avaliação do analista Pedro Galdi, da corretora ABN, o maior acesso da classe C aos produtos bancários e o desenvolvimento de alguns tipos de financiamentos, como o habitacional e o de veículos, impulsionam o setor. A inadimplência sob controle também contribui. O comportamento da classe C, que cresceu e ampliou o consumo de uma série de produtos - de alimentos e artigos de higiene a eletrodomésticos e crédito - poderá ser o responsável por eventuais surpresas no ranking de rentabilidade em 2008. Companhias de varejo e eletrodomésticos também podem se destacar, afirma a analista-chefe da Banif Securities, Catarina Pedrosa.