Mills e SH passam a fazer fôrmas para casa popular

Valor Econômico

Nem as empresas de infraestrutura escaparam. Companhias que participam de projetos complexos, como usinas nucleares e hidrelétricas, plataformas off-shore e estádios de futebol também sucumbiram ao apelo fácil do programa habitacional do governo, Minha Casa, Minha Vida. Tradicionais na montagem e manutenção industrial e na locação de materiais para grandes projetos, a carioca Mills e a SH estão iniciando a produção de fôrmas de alumínio para residências populares.

A Mills, empresa com faturamento na casa de R$ 450 milhões (US$ 250 milhões), fechou contrato para locação e venda de cinco mil m2 de fôrmas para a mexicana Homex, que estreou no Brasil com um projeto de 1,3 mil unidades em São José dos Campos. "Discutimos muito internamente para saber se valeria a pena entrar nesse mercado e se não era apenas um modismo", afirma Ramon Vazquez, presidente da Mills. "Mas está provando que tem muita demanda e irá deslanchar", completa. A empresa estuda a possibilidade de montar as fôrmas, serviço que hoje é executado pelas próprias construtoras.

A SH, empresa que espera faturar R$ 150 milhões (US$ 83 milhões) este ano, está perto de assinar seus primeiros contratos para venda de fôrmas - a empresa não atuará no aluguel. O objetivo é vender cerca de 2 mil m2 de fôrmas por mês. "Já detectamos cerca de 50 construtoras de todos os portes interessadas em construir pelo sistema de paredes de concreto", diz Claudio Possenti, gerente da SH. "Pelo menos 500 mil unidades devem ser feitos nesse modelo."

O programa habitacional do governo abriu espaço para que a construção em série - industrializada e totalmente padronizada, como a linha de produção de uma fábrica - ganhasse espaço entre as empresas. Usada há décadas no México e Colômbia, o sistema que permite levantar uma casa em menos de um mês passou a ser visto como a opção mais competitiva para atender à demanda do Minha Casa, Minha Vida. A viabilidade de custo está na escala que esse modelo permite.