28/03/18 15h00

Mercedes amplia contratação para acompanhar vendas

Valor Econômico

A recuperação do setor automotivo iniciada no ano passado, e que deve vir com mais força em 2018, abriu a possibilidade para Mercedes-Benz voltar a contratar trabalhadores para produção de caminhões e ônibus. Com as 330 novas adições anunciadas ontem, serão quase 700 empregados incorporados ao time 9.800 funcionários da montadora alemã no Brasil.

O anúncio foi feito durante a cerimônia de inauguração da nova linha de produção de caminhões em São Bernardo do Campo (SP), que passará a adotar a tecnologia da chamada indústria 4.0 e unificará as linhas de montagem de caminhões leves, médios e pesados, que eram divididas em duas frentes, de acordo com o tamanho do veículo.

Segundo Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz do Brasil, 250 contratados irão reforçar a fábrica de São Bernardo e os outros 80 funcionários serão para a unidade de Juiz de Fora (MG).

No auge da crise, em 2016, a companhia cortou 1.400 funcionários. A maior parte em um programa de demissões voluntárias.

A nova operação, construída em um espaço usado anteriormente para a logística da montadora, utilizou parte dos R$ 500 milhões destinados a investimentos no Brasil entre 2015 e 2018. Outros R$ 2,4 bilhões foram anunciados no fim do ano passado para modernização de outras linhas de produção e desenvolver de novos produtos até 2022.

A inauguração da nova linha de montagem, que aumentou a eficiência em 15%, acompanha um período de retomada do crescimento. A produção de caminhões e ônibus cresceu 30% nos primeiros meses de 2018, na comparação anual, segundo Schiemer. "Estamos em um momento de recuperação devido aos juros mais baixos."

Com o mercado interno reprimido pela crise econômica nos últimos anos, a venda de caminhões e ônibus da Mercedes-Benz dependeu significativamente do mercado externo. Em 2017, as exportações corresponderam a 40% da demanda, com destaque para as vendas na Argentina e para outros países na América Latina.

Para 2018, no entanto, a expectativa é de que as vendas no Brasil avancem mais rápido que a demanda externa. Segundo Schiemer, a recuperação da economia e as reformas que deram mais previsibilidade ao mercado devem ajudar na recuperação interna.

"Só não crescemos mais [nas exportações] porque o Brasil ainda não é tão competitivo", afirma.

Com relação ao aumento da capacidade de produção, a unidade do ABC paulista continuará utilizando apenas um turno de trabalho, com certas operações adotando um segundo período.

Mesmo com os cerca de 250 funcionários novos que serão contratados a partir de abril no ABC, a perspectiva é de que essa ampliação de turnos de trabalho ocorra apenas no segundo semestre, caso a demanda continue crescendo.

Com três turnos a capacidade de produção da montadora se aproxima dos 120 mil caminhões e ônibus por ano.

Sobre as dificuldades de implantação do Rota 2030, nova política industrial para o setor automotivo, Schiemer evitou criticar os impasses, mas destacou que o futuro da fábrica de automóveis da Mercedes depende do que for decidido em relação ao programa.