15/07/09 10h11

Mercado reaquece e companhias batem recorde de vendas até junho

Valor Econômico

No primeiro semestre do ano passado, o setor imobiliário vivia uma de suas melhores fases. A bonança, porém, foi bruscamente interrompida pela crise global. Um ano mais tarde e o mercado surpreende-se com a reviravolta: as vendas não só se recuperaram, como superaram com folga um período aquecido. O programa habitacional popular do governo e a queda dos juros delineiam uma nova trajetória para o setor - de maneira mais evidente na baixa renda, mas também com recuperação significativa entre as classes média e média alta e em imóveis comerciais.

As prévias das vendas e lançamentos das empresas de capital aberto e a velocidade de vendas das companhias fechadas aponta um novo fôlego para o setor entre abril e junho. A mineira MRV, que atua no segmento de baixa renda há 30 anos, conseguiu o melhor desempenho de sua história, o que a coloca em um novo patamar de vendas. Ela não está só. Empresas fechadas com experiência na baixa renda também alcançam bons resultados.

A Cury, joint venture com a Cyrela, havia feito um lançamento em São Miguel Paulista de preço médio de R$ 120 mil (US$ 62,2 mil) em fevereiro, que levou 45 dias para ser vendido. Há cerca de duas semanas, lançou a segunda fase, com imóveis na faixa de R$ 90 mil (US$ 46,6 mil), e vendeu as 252 unidades em apenas dez dias. "Esse é o novo ritmo do mercado, por conta dos subsídios do governo", afirma Fábio Cury. "Não vendemos mais, porque não tínhamos produtos aprovados", afirma, acrescentando que o crescimento expressivo da companhia deve acontecer no segundo semestre, quando haverá cinco lançamentos.

Apesar do aumento das vendas sobre o ano passado, a atitude das empresas mudou muito em relação ao primeiro semestre de 2008. As empresas estão mais cautelosas nos lançamentos - que cresceram numa proporção menor que as vendas. O setor está mais racional na compra de terrenos e na hora de colocar novos produtos no mercado. Isso significa que as empresas estão conseguindo desovar estoques - um dos maiores problemas do final do ano passado.

Na Even, por exemplo, as vendas de estoque evoluíram de forma significativa no segundo trimestre, passando de R$ 29 milhões (US$ 15 milhões) em abril para R$ 83,4 milhões (US$ 43,2 milhões) em junho. No final do ano passado, a Cury tinha R$ 37 milhões (US$ 20,2 milhões) em estoques e agora tem pouco menos de R$ 10 milhões (US$ 5,2 milhões). Mas a recuperação não se limita aos imóveis para a baixa renda. O aumento do limite do SFH de R$ 350 mil (US$ 181,3 mil) para R$ 500 mil (US$ 259,1 mil), medida inclusa no pacote, repercutiu nas vendas para a classe média. Do total dos estoques vendidos pela Even, 82% estão em imóveis no médio, médio alto e alto padrão.