15/06/10 10h46

Mercado prevê crescimento de até 8,1%

Folha de S. Paulo

O crescimento da economia brasileira pode chegar a 8% neste ano, segundo economistas ouvidos pelo Banco Central na pesquisa semanal Focus. A previsão se deve aos dados do IBGE divulgados na semana passada, que mostraram expansão de 9% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2009. O crescimento de 8,1% é o teto das expectativas dos cerca de cem economistas ouvidos no levantamento do Banco Central. Se confirmado, seria o maior resultado dos últimos 30 anos.

Na média, a expansão prevista é de 7%, acima dos 6,6% apontados antes da divulgação da semana passada. A previsão mais pessimista do mercado aponta para taxa de 5,6%. Na semana passada, o Ministério da Fazenda também elevou, de 5,5% para 6,5%, a previsão de crescimento. O BC só divulga suas novas estimativas no final deste mês. Assim como aconteceu no início do ano, o destaque do PIB deve ser a indústria, último setor a se recuperar da crise de 2008/2009 e que deve crescer 9%. Agropecuária e serviços teriam expansão de cerca de 5%.

Para os analistas ouvidos pelo BC, o crescimento do PIB vai se desacelerar nos próximos meses até chegar a uma taxa trimestral de 4,25% na metade do próximo ano. Depois, volta a crescer em ritmo mais forte. A expectativa é que o próximo presidente termine o mandato com taxas de crescimento entre 4% e 7%. Para Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin, uma das instituições com maior índice de acerto no Focus, o crescimento acima do esperado do setor industrial foi o principal fator que levou às revisões das expectativas. Ele espera que o crescimento nos próximos anos fique entre 4% e 5%, o que vai depender do desempenho da economia mundial e dos rumos do próximo governo. "O país tem condições de continuar com um bom ritmo de crescimento, mas é preciso ver como vai se comportar a economia global e se o próximo governo vai fazer reformas estruturais e estimular o aumento dos investimentos", disse.

O Banco Fator também elevou sua projeção, de 6,9% para 7,2%, devido principalmente à expectativa de melhora nos investimentos, que devem ter uma participação maior no resultado do PIB. O aumento do investimento em detrimento do consumo das famílias e do governo é um dos fatores que ajudaram a reduzir a expectativa de inflação, que caiu pela segunda semana seguida, para 5,6%. A pesquisa também mostra que o índice de preços só voltará ao centro da meta de 4,5% em 2012.