25/01/11 11h33

Mercado de saúde animal ganha estímulo

Folha de S. Paulo

O alto preço do boi gordo no Brasil pode abrir as portas para uma nova fase no mercado de saúde animal, marcada por sofisticação da produção na pecuária. No ano passado, o preço do boi gordo subiu 36,5% em São Paulo, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP). E a adoção de tecnologia tem relação direta com o aumento da rentabilidade do produtor. Quanto mais ele ganha, mais renda tem disponível para investir. "A valorização do rebanho pode ampliar o mercado de saúde animal", afirma Emílio Salani, presidente do Sindan (Sindicato da Indústria de Produtos para Saúde Animal).

Apesar de altamente competitivo, o Brasil tem uma das menores taxas de uso de produtos veterinários entre os grandes fornecedores de proteína animal do mundo. "Usa-se o essencial. Gasta-se, em média, de R$ 8 (US$ 4,7) a R$ 10 (US$ 5,9) por cabeça de gado por ano. Nos EUA, que têm outro modelo de produção, o gasto por cabeça é de R$ 35 (US$ 20,6) por ano", diz Jorge Espanha, diretor de Saúde Animal da Pfizer. Na cadeia de produção de bovinos, segundo Espanha, a sanidade representa, no máximo, 4% do custo total. "Tem muito espaço para a adoção de tecnologia", diz. O Brasil comercializa hoje 56% da carne consumida em todo o mundo, de acordo com estimativas internas da Pfizer. Mas representa apenas 11% do mercado mundial de saúde animal. "Existe potencial para ele crescer cinco vezes o que é hoje", afirma.

Estima-se que o setor tenha encerrado 2010 com um crescimento próximo de 4% em faturamento em relação a 2009, praticamente o dobro do mercado mundial, e movimentado R$ 3 bilhões (US$ 1,7 bilhão). Segundo Salani, neste ano há espaço para um crescimento de 5% a 7%, caso não sejam tomadas medidas drásticas para conter o aquecimento econômico. O consumo de proteína animal deve continuar crescendo -como reflexo da melhora na renda-, e o volume de exportação deve manter a recuperação.

Ao lado da demanda, a necessidade de ser mais produtivo cresce. "O Brasil terá de produzir mais carne na área que já está disponível, sem novos desmatamentos. Para isso, o pecuarista vai precisar de ferramentas que aumentem a produtividade", diz. Para Alfredo Ihde, presidente da Merial -divisão do laboratório Sanofi-Aventis para saúde animal-, o crescimento do mercado está garantido pelo próprio amadurecimento do setor. A grande virada, diz ele, será estimulada pelo pagamento por qualidade ao pecuarista, ou seja, quando for adotado preço diferenciado pela qualidade da carne. "Hoje, a pecuária ainda é um mercado de quantidade, não de qualidade. Quando os frigoríficos começarem a pagar por qualidade, o pecuarista vai investir mais em genética e sanidade", diz Ihde.