14/11/10 11h32

Mercado de luxo cresce com emergentes

Folha de S. Paulo

O luxo está em alta, e a periferia tem tudo a ver com isso. Com o aumento do consumo especialmente da China, mas também de emergentes como o Brasil e a Índia, as ações das empresas de luxo subiram mais que as das companhias dos setores, diga-se, mais modestos. O principal retrato disso é que o Dow Jones, principal índice da Bolsa de Nova York e referência para as Bolsas de Valores globais, subiu 7,3% neste ano, bem atrás dos 32,7% do seu primo empolado, o Dow Jones Luxo, que reúne apenas empresas globais do segmento.

Tiffany, BMW, Burberry, LVMH (a dona da Louis Vuitton) e Marriott são alguns dos exemplos de empresas com os papéis em alta. Mas o caso mais emblemático é o da Hugo Boss, que dobrou de valor desde o início deste ano. O sucesso das ações é explicado pelo bom momento das economias emergentes, com o crescimento do poder aquisitivo da população. A China, por exemplo, deve aumentar seu consumo de luxo em 30% neste ano, bem à frente dos 12% do EUA e dos 6% da Europa, segundo estudo divulgado no fim de outubro pela consultoria Bain, especializada no setor.

O Brasil também não está fora do foco das empresas de luxo. De acordo com a pesquisa da Bain, o mercado aqui vai crescer 20% neste ano, para 1,5 bilhão -o equivalente a 16% do chinês. A Diane von Furstenberg diz que pretende abrir uma loja adicional em São Paulo e uma em Brasília nos próximos dois anos. E a Christian Louboutin, que tem loja em São Paulo, diz que a marca de sapatos pode ter mais duas em cinco anos. Porém, apesar do tamanho, um dos fatores que entravam o mercado brasileiro são os tributos. "Ainda há restrições quanto à expansão no país porque os impostos são um entrave para o luxo", afirmou Sandro Fernandes, gerente-geral da Tiffany.

Segundo ele, isso faz com que as lojas no país acabem sendo um "showroom", em que o consumidor vê o produto aqui e compra lá fora. "A facilidade para pegar um voo para Nova York e comprar lá é muito grande." A Tiffany calcula que cerca de 30% das vendas da sua loja-conceito ("flagship") em Nova York sejam feitas por turistas estrangeiros, o dobro da média geral. "Temos crescimento muito forte de turistas chineses viajando pela Europa, temos avanço muito forte de clientes de Rússia e Oriente Médio. Há uma tendência de alta de clientes sul-americanos nos EUA", disse Stacey Cartwright, diretora da Burberry.