15/02/23 12h29

Mercado da pecuária na região de Rio Preto apresenta bom desempenho no início de 2023

Expectativa da pecuária de corte tem altos e baixos no País, mas exportações garantem desempenho positivo neste ano; em janeiro, vendas para o exterior somaram 160,1 mil toneladas

Diário da Região

Entre oscilações do preço da arroba do boi gordo no ano de 2022, pecuaristas viram o mercado brasileiro recuar em alguns momentos. Porém, neste início de 2023 há perspectivas de um mercado de bom desempenho para a venda da carne bovina. De acordo com especialistas do setor e pecuaristas, o cenário de expectativas positivas para a pecuária de corte foi impulsionada pela exportação de carne bovina, entre novos mercados internacionais e de frigoríficos brasileiros habilitados para atender a demanda brasileira.

Segundo aponta levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o ano de 2023 começou confirmando as perspectivas de que as vendas de carne bovina ao mercado internacional devem seguir registrando bom desempenho, já que em janeiro, o volume de carne bovina in natura exportado pelo Brasil somou 160,1 mil toneladas, um recorde para o mês.

E para os próximos meses, os analistas do Cepea também estão otimistas com o mercado da exportação do produto brasileiro. Eles avaliam que, além da continuidade dos envios à China, os Estados Unidos têm sido um importante demandante da carne brasileira, e novas plantas brasileiras foram habilitadas para exportar carne bovina à Indonésia.

Para o pecuarista Tássio Mendes, que possui propriedade de gado de corte no município de Auriflama, a expectativa de negócios deve ser boa neste início de ano. “A China voltou a consumir mais carne bovina, após o período de maior restrição por conta da Covid-19. Além disso, novas plantas foram autorizadas no Brasil, para a exportação e também a abertura de novos mercados, como a Indonésia”, diz Tássio.

Ele explica que apesar de a Indonésia representar apenas 1% do consumo de carne bovina no país, há a perspectiva de aumentar esse consumo, o que possibilita mais exportações para este novo mercado. No mercado interno da pecuária de corte, esses fatores, segundo o pecuarista, acabam pressionando os preços da arroba do boi gordo, e melhorando as cotações no campo para os produtores.

Preços

Tássio avalia ainda que com o bom desempenho do mercado de exportações e que resulta no prêmio que os frigoríficos pagam para os produtores que oferecem o boi China (nome dado ao animal jovem, até quatro dentes e abatido em 30 meses), a pecuária de corte também é favorecida, com o aumento da demanda de produto.

“Quanto maior for o número de exportações, há menos oferta no mercado brasileiro e os preços começam a ficar bons para todos os pecuaristas”. Ele pontua ainda que as comercializações na região do Noroeste Paulista estão com preços pagos a R$ 280 na arroba do boi gordo. “A diminuição do consumo da China (um dos maiores exportadores da carne bovina brasileira) e a queda do dólar foram alguns dos fatores da queda da arroba do boi. Mas acredito que ainda neste primeiro semestre a arroba deve chegar a R$ 300 aqui na nossa região”, finaliza.

Qualidade do produto

O Brasil possui o segundo maior rebanho bovino do mundo e o primeiro maior rebanho comercial, já que a Índia (primeiro país do ranking) não explora comercialmente os bovinos. Conforme o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rebanho bovino brasileiro atingiu 224,6 milhões de cabeças em 2021, alcançando o número recorde da série histórica do IBGE.

A tendência, com o número de animais disponíveis para a comercialização em outros países, é de aumentar a procura pela carne bovina brasileira, segundo afirma o pecuarista de Rio Preto Osmair Guareschi. “O rebanho brasileiro tem disponibilidade e a proteína é de qualidade. Se observarmos o mercado de todas as commodities, como a soja, a cana e o algodão, que aumentaram áreas de plantio e de comercialização, a pecuária de corte se mantém muito bem também no mercado brasileiro”, avalia.

A qualidade da carne bovina, segundo Guareschi, está associada às tecnologias disponíveis para a cria, recria e engorda - as três fases da pecuária de corte - que tiveram avanços nos últimos meses e alavancaram a produção bovina. “Hoje, um bezerro é desmamado com 230 quilos, tem muita estrutura para a prenhez das fêmeas e excelentes técnicas de inseminação artificial. Ou seja, a pecuária está muito evoluída no Brasil”. (CC)

Negócios seguem fortes

De acordo com Felipe de Lima Junqueira Franco Fabbri, zootecnista e analista de mercado na Scot Consultoria, o mercado do boi gordo paulista subiu no início de fevereiro. Na avaliação de Felipe, o aumento, principalmente para o boi China, que até o começo de fevereiro era negociado a R$ 275 a arroba e passou a R$ 290, já podem ser notados os relatos de negócios pontuais chegando a R$ 300 a arroba do boi gordo.

“O movimento atual tem dois fatores fundamentais: possibilidade de retenção de oferta, com a maior negociação pela ponta vendedora (com a safra de capim) e expectativa de retomada mais firme dos compradores chineses às negociações com os vendedores de carne bovina brasileiros, especialmente com o fim do feriado de ano novo lunar chinês”.

Em curto prazo, a expectativa do consultor é de que o ágio entre os preços para o mercado externo e interno aumente. “O boi destinado ao mercado interno deverá sofrer um viés baixista com a pressão imposta pela expectativa de aumento no abate de fêmeas em 2023, para o "boi China". Porém, o quadro internacional se mostra favorável ao setor exportador, o que deve manter a busca por esse tipo de bovino firme em um momento onde a oferta pode trabalhar compassada pela menor pressão atrelada aos custos de produção pelo pecuarista”.

 

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