29/12/08 14h24

Mercado árabe é alternativa para exportação

Gazeta Mercantil - 29/12/2008

Ao mesmo tempo em que as principais economias do mundo são contaminadas pela crise financeira internacional, o mercado árabe surge como uma espécie de porto seguro para os exportadores brasileiros. "A crise é globalizada e terá reflexos em todo o mundo, mas os países árabes têm muitas reservas, muita disponibilidade de recursos, o que aumenta as chances de eles passarem pela crise com mais facilidade", afirma Antônio Sarkis Junior, presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB), representante da Liga dos Estados Árabes, que reúne 22 países independentes que têm o árabe como idioma oficial. Segundo dados da CCAB, entre janeiro e novembro as exportações para o mundo árabe, de US$ 8,91 bilhões, foram 39,6% superiores às do mesmo intervalo de 2007. Já as compras externas, 80% delas baseadas no petróleo, totalizaram US$ 9,96 bilhões, 75,4% superior ao do mesmo período de 2007. Frente a novembro de 2007, as vendas externas para esse mercado saltaram 51,5%, com destaque para carnes (alta de 46%), minérios (+160%), máquinas rodoviárias (+47%) e milho (+400%). "A combinação agronegócio brasileiro com países árabes já deu certo", avalia Sarkis, da CCAB, dizendo que o País já é um tradicional fornecedor àquele mercado de carnes bovina e de frango. No ranking de dez maiores clientes da indústria de carne bovina, três (Argélia, Israel e Arábia Saudita) são árabes, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Estudo da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) em 12 países da região mostra que a indústria de alimentos tem grande potencial de crescimento no mercado árabe. Segundo o levantamento, os mercados selecionados absorveram 4% (US$ 29,8 bilhões) dos alimentos e bebidas exportados pelo mundo em 2007. Do total, US$ 4,7 bilhões foram comprados do Brasil. O estudo detectou boas oportunidades no segmentos de sucos (laranja, abacaxi, maçã etc.), café, frutas, produtos lácteos, chás e balas e confeitos. Alessandro Teixeira, presidente da Apex, afirma que estudos como esse só são viáveis hoje em dia porque a entidade conta com um centro de negócios na região. Teixeira relata que a Apex tem aumentado as ações no mercado árabe e que a intenção é fortalecer a presença na região em 2009. Entre as ações previstas, estão missões comerciais para o Irã e Egito e pelo menos seis diferentes ações nos Emirados Árabes Unidos, isso sem contar as investidas feitas junto a entidades setoriais.