16/05/11 14h44

Medley fecha março como líder e disputa fica acirrada

Valor Econômico

A acirrada disputa entre as indústrias farmacêuticas atingiu o auge em março, quando o laboratório Medley assumiu a liderança no ranking pela primeira vez desde que a rival EMS Pharma - do grupo EMS - se consolidou como a número 1 do setor, em 2007. Dados divulgados pela consultoria americana IMS Health mostram que, em março, a Medley superou em vendas de unidades sua principal concorrente. Números obtidos pelo Valor com fontes do setor mostram ainda que a Medley encerrou março com participação de 7,4% do mercado e receita de R$ 262,2 milhões (US$ 163,9 milhões), contra 7,1% da EMS Pharma, que faturou R$ 250,6 milhões (US$ 156,6 milhões) no mesmo mês.

Os valores do IMS são "cheios", ou seja, consideram a venda dos medicamentos sem os descontos praticados pelas indústrias no balcão das farmácias, que podem chegar a 75% dependendo do medicamento. A briga esquentou de tal maneira que a EMS Pharma reagiu rápido e retomou a liderança em abril, segundo aponta o levantamento da consultoria americana. "A partir de março, a competição passou a ser realmente cabeça a cabeça", afirma uma fonte do mercado consultada pela reportagem. Enquanto o faturamento da EMS Pharma cresce a uma taxa que varia entre 25% e 35%, a Medley avança mais de 40%. "Alcançar a liderança total do mercado no mês de março foi a coroação de um trabalho contínuo de muitos anos", afirmou ao Valor o diretor-geral da Medley, Décio Decaro.

"Imaginávamos que a Medley superaria a EMS Pharma. Mas foi uma surpresa ter acontecido já, agora", diz Bruno Sávio Nogueira, analista da consultoria Lafis e especialista no setor farmacêutico. Para ele, um dos principais fatores de sustentação da arrancada da Medley foi o novo fôlego injetado pelo grupo francês Sanofi-Aventis, que adquiriu a empresa em 2009. A multinacional tem forte atuação no Brasil e é aqui que se concentra sua segunda maior operação depois da França. "Além dos aportes financeiros da multinacional na subsidiária brasileira, o alto conhecimento dos processos de gestão melhoraram as condições de negociação da empresa e sua estrutura de custos", diz Nogueira.

A força de reação da EMS Pharma, controlada pelo empresário Carlos Eduardo Sanchez, porém, não pode ser menosprezada. A empresa continua surpreendendo pelas suas taxas de crescimento e, principalmente, sua capacidade de lançamentos de produtos. Na área de genéricos, o laboratório é reconhecido por liderar a introdução de novos medicamentos após a quebra de patente das fórmulas de referência. Essa agressividade, porém, pode ser um problema para a companhia. Fontes do mercado afirmam que a capacidade de produção da EMS Pharma não tem acompanhado a demanda por seus produtos. Segundo a mesma fonte, o desequilíbrio entre oferta e demanda na EMS Pharma ocorre desde o fim de 2010. "O problema disso é que, na falta de medicamentos da EMS Pharma, o consumidor pode optar por outra marca". O grupo vai investir R$ 360 milhões (US$ 225 milhões) em três novas fábricas: Manaus (AM), Brasília (DF) e Jaguariúna (SP). Elas devem ficar prontas até 2012.

A Medley também teria um ponto vulnerável. Para um observador, a estratégia da empresa é ganhar mercado "sacrificando" margens. "Há espaço no Brasil para isso porque a rentabilidade é maior em relação à Europa, por exemplo. Em algum momento, a Medley poderá pisar no freio no ganho de participação para recuperar rentabilidade", completa.