18/04/12 12h20

Mattel vai expandir produção no Brasil

Valor Econômico

Famosa pela forte importação dos produtos que vende no Brasil, a Mattel tem planos de se tornar a maior fabricante de brinquedos em território nacional em menos de dois anos. O primeiro passo já foi dado. A multinacional americana, dona da marca Barbie, firmou parceria com a brasileira Grow para produzir parte do portfólio na fábrica da empresa em São Paulo.

"É só o começo", afirma o presidente da Mattel no Brasil, Ricardo Ibarra. Quando ele assumiu o cargo, há dois anos, o Brasil era um dos seis maiores mercados da Mattel no mundo. Hoje, o país ocupa a segunda posição em vendas, perdendo apenas para os Estados Unidos, informaram executivos mundiais da empresa em conversa com analistas na segunda-feira.

Além da Barbie, a Mattel detém as marcas Hot Wheels e Fisher-Price. Na fábrica da Grow, a companhia produzirá 40 tipos de quebra-cabeça, com entre 24 e 100 peças. Segundo Ibarra, a Mattel se prepara para começar a produzir no Brasil também itens com maior valor agregado em parceria com outras grandes fabricantes locais. As maiores hoje são Bandeirantes, Homeplay, Estrela, Cotiplás e Grow, informa uma fonte ligada ao setor.

No ano passado, o negócio da Mattel na América Latina alcançou "um ponto em que crescimento e escala se cruzam, um marco importante para a operação no continente", informou a Mattel no relatório de desempenho sobre 2011. No período, as vendas na região avançaram 14%, atingindo quase US$ 1 bilhão.

O faturamento global da companhia no ano passado foi de US$ 6,3 bilhões, em alta de 7% em relação a 2010. O lucro subiu 12,2%, para US$ 768,5 milhões.

De imediato, a substituição de importação dos quebra-cabeças pela produção no Brasil não trará economia de custos para a Mattel, diz Ibarra. Mas a iniciativa é estratégica na medida em que permite maior flexibilidade e rapidez na reposição dos produtos, explica.

Em todo o mundo, o modelo de produção da Mattel ocorre por meio de parcerias com fabricantes locais. A companhia produz em 45 regiões, mas tem apenas nove fábricas próprias.

Com a Grow, e outras eventuais parceiras no Brasil, a Mattel pretende compartilhar "nossas boas práticas de manufatura e inovação", afirma Ibarra.

João Nagano, diretor de novos negócios da Grow diz que a empresa estuda ampliar a parceria com a Mattel para outros tipos de brinquedos. Líder nacional no segmento de quebra-cabeças e jogos, a Grow também produz bonecos de vinil, material do qual é feito o rosto da boneca Barbie.

Metade do que a Mattel vendeu no Brasil em 2011 foi importado. A outra fatia corresponde a produtos de consumo (não brinquedos), como roupas e cosméticos produzidos no Brasil, aos quais a Mattel empresa suas marcas.

Antes da parceria com a Grow, o único brinquedo da Mattel com fabricação local era o jogo de cartas Uno, produzido desde 2004 pela Copag, na Zona Franca de Manaus.

Somadas, a parcerias com a Copag e com a Grow vão resultar, esse ano, na fabricação de 5,5 milhões de brinquedos na Mattel no Brasil, sendo R$ 4 milhões só da Copag.

No país, as vendas da companhia têm crescido no patamar de dois dígitos desde 2009. "Nossa evolução tem sido acima do setor como um todo, o que indica que nós estamos ganhando participação de mercado", diz Ibarra.

Ricardo Roschel, diretor de operações da Mattel, explica que os produtos fabricados aqui são customizados para o consumidor local. "Com o amadurecimento da plataforma de produção, planejamos começar a exportar os quebra-cabeças para outros países", adianta o executivo.