08/11/11 14h36

Matrículas dobram no ensino superior e País pode atingir meta em 10 anos

O Estado de São Paulo

O número de brasileiros matriculados no ensino superior cresceu 110% nos últimos dez anos. São, hoje, 6,5 milhões de universitários no País, 173 mil deles em cursos de pós-graduação. Se for mantido, o ritmo de crescimento, comemorado pelo Ministério da Educação, levará o Brasil a alcançar, daqui a dez anos, a meta prevista no Plano Nacional de Educação (PNE) de o País ter uma taxa de escolaridade bruta superior a 50% - ainda inferior à do Chile e à Argentina.

Hoje, o País tem uma taxa bruta de escolaridade de 34,4% - o termo significa a relação de todas as faixas etárias que frequentam o curso superior e a população de 18 a 24 anos. A taxa líquida - que leva em conta apenas o número de alunos na faixa etária ideal, de 18 a 24 anos - é de 17%.

Para atingir a meta, de 33% no PNE que está para ser votado no Congresso Nacional, o Brasil terá de quase dobrar o número de matriculados. Mantido o índice de avanço registrado na última década, o objetivo é possível. "Tivemos um incremento muito forte e completamente coerente com a meta do PNE. Se mantivermos esse ritmo será possível até mesmo superá-la", afirmou o ministro Fernando Haddad.

Para o consultor em ensino superior Carlos Monteiro, o aumento no número de matrículas é baixo, mas ainda assim superou expectativas. Para ele, essa tendência é puxada pela expansão de vagas no ensino a distância (EAD) e nas graduações tecnológicas. "Mesmo com as novas universidades federais, o crescimento do setor é mais acelerado nesses dois segmentos."

A maior parte do crescimento ainda se concentra nas universidades privadas. Apesar de as matrículas nas instituições federais terem crescido 86% no período - nas estaduais, o aumento foi de 66% - e terem alcançado 938,7 mil alunos, as particulares ainda têm cinco vezes mais alunos. A proporção também se mantém na oferta de vagas nos vestibulares e entre os formandos.

Apesar da concentração, para Rodrigo Capelato, diretor executivo do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), o setor está estagnado. "Não há dúvidas de que o ensino privado desacelerou." Mas, segundo ele, é possível que o crescimento seja retomado por conta do grande número de inscritos no Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies).

Formandos. O número de estudantes que concluem a graduação aumentou duas vezes e meia desde 2001, mas menos de 20% deles estão em universidades públicas. O número de formandos nas federais - pouco menos de 100 mil por ano - representa 10,3% de todos os formandos.

Ainda assim, as federais tiveram também um aumento considerável de ingressantes. O número de vagas nos vestibulares - refletindo o período recente de criação de 14 novas universidades e 47 novos câmpus - mais do que dobrou na última década, chegando a 302,4 mil.

A maior parte do alunos continua sendo obrigada a enfrentar cursos diurnos. O censo revela que hoje 63,5% dos universitários estudam à noite. Nas federais, a taxa é de 28,4%.
Ensino a distância. O censo mostra mais uma vez o crescimento do EAD. Hoje, a modalidade concentra 14,6% das matrículas no ensino superior, quando em 2001 praticamente inexistia.

Porém, a qualidade não é sempre a que o governo gostaria, admite Haddad. Há preocupações com a estrutura para os encontros presenciais e o material usado por esses cursos. Em 2008, o MEC precisou fechar uma instituição que matriculou, em apenas um ano, 150 mil pessoas.