16/06/10 10h11

Marfrig quer a liderança mundial de "food service"

Folha de S. Paulo

A Marfrig Alimentos deu mais um passo na busca pela liderança no mercado mundial de "food service". Com a aquisição da norte-americana Keystone Foods, por US$ 1,26 bilhão, a Marfrig estreia nesse segmento nos EUA com porte de empresa grande e presença garantida em todas as fases da cadeia, do abate à distribuição. A companhia também estende o seu relacionamento com grandes redes de fast food, como McDonald's, e agrega novos clientes em "food service", como Subway, Campbell's e ConAgra.

A Keystone opera 54 unidades de produção e centros de distribuição, atendendo a mais de 28 mil restaurantes em 13 países. No ano passado, teve receita líquida de US$ 6,4 bilhões, pouco menor do que a Marfrig, que teve vendas líquidas de aproximadamente US$ 6,7 bilhões em 2009. "Em termos estratégicos, a aquisição faz sentido para a Marfrig, que procura ampliar sua diversificação geográfica e focar nos canais de distribuição mais rentáveis", afirma o analista Rafael Cintra, da Link Investimentos. "As empresas brasileiras procuram cada vez mais ampliar as suas formas de atuação para diminuir riscos", diz a analista Maria Gabriela Tonini, da Scot Consultoria. A Keystone produz e distribui alimentos à base de carnes bovina, suína, de frango e peixe. Cerca de 60% da receita vêm da atividade de distribuição e 40% do abate.

A Marfrig tornou-se importante ator no mercado internacional de "food service" em 2008, com a aquisição da Moy Park, no Reino Unido, fornecedora de carnes para redes como KFC, Sainsbury's, Tesco e McDonald's. "Com a Keystone, a Marfrig pode repetir o mesmo resultado que obteve com a Moy Park. Em menos de dois anos, conseguiu dobrar a margem Ebitda (lucro antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) da empresa europeia", diz Cintra. Apesar da avaliação positiva, as ações da Marfrig reagiram mal ao anúncio, fechando em queda de 2,84%, a R$ 16,37 (US$ 9,1). Para a analista Juliana Rozenbaum, da Itaú Securities, dúvidas sobre a estrutura de financiamento para pagar a compra e potenciais ganhos de sinergia levaram ceticismo ao mercado. Para pagar a Keystone, a Marfrig vai emitir US$ 1,3 bilhão em debêntures conversíveis em ações. Mas ainda não se sabe se o BNDES, que já possui 14% de participação na empresa, garantirá parte da compra dos títulos.