03/04/07 11h51

Marfrig compra Pampeano e pode abrir capital

Valor Econômico - 03/04/2007

O Marfrig, que acaba de fechar a compra do frigorífico Pampeano, protocolou ontem na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pedido de registro inicial de companhia, o que o habilita a emitir ações ou debêntures. Analistas desse setor vêm falando há meses sobre a intenção do Marfrig de abrir o capital e lançar ações no mercado, seguindo os mesmos passos de seu concorrente Friboi, o maior frigorífico brasileiro. A razão é que nos últimos meses, o Marfrig vem "arrumando a casa", tomando medidas para ter mais transparência diante do mercado, como a profissionalização, adequação da empresa para o sistema contábil internacional e ações de governança corporativa. Mas o dono da empresa, Marcos Molina dos Santos, disse, na quinta-feira passada ao Valor, que as medidas não visam o lançamento de ações, mas sim melhorar o rating do Marfrig, que em novembro passado fez uma captação de US$ 375 milhões em eurobônus no mercado internacional. Uma fonte próxima às negociações disse ao Valor que Molina ainda não tinha definido a que operação recorreria: se à emissão de ações ou debêntures. Os recursos captados pelo Marfrig no exterior ajudaram na recente e surpreeendente expansão da empresa. Só no último semestre de 2006, o Marfrig comprou os frigoríficos Frigoclass, em Promissão (SP), ABP, na Argentina e Tacuarembó e Elbio Perez Rodriguez, no Uruguai. Também fez uma joint venture com a trading chilena Quinto Cuarto. A mais recente cartada do Marfrig é a compra do Pampeano, de Ulha Negra (RS), que pertence ao irlandês James Cleary. A empresa produz carne bovina enlatada e exporta para Estados Unidos e Europa. O Pampeano entra na estratégia do Marfrig porque a empresa ainda não faz esse tipo de produto. A carne enlatada acaba sendo um complemento a outras linhas produzidas pelo Marfrig, já que utiliza cortes até agora não usados pela empresa. O Pampeano só produz a carne enlatada e não tem abate de animais. Com faturamento de R$ 2,8 bilhões (US$ 1,3 bilhão) em 2006 - foram R$ 1,8 bilhão (US$ 739,5 milhões) no ano anterior -, o Marfrig tem capacidade de abate de 7.600 animais por dia em suas unidades no Brasil e 2.400 animais nas plantas do Uruguai e Argentina. A empresa, que está entre os três maiores frigoríficos de carne bovina nacionais, tem nove unidades no Brasil: uma em São Gabriel (RS), duas em Promissão (SP), uma em Bataguassu (MS), uma em Tangará da Serra e Paranatinga (MT), uma em Mineiros (GO), Chupinguaia (RO) e uma em Porto Mutinho (MS). A receita apurada em 2006 já inclui o faturamento com as unidades adquiridas no exterior.