18/08/09 11h38

Marcadas pela crise, cooperativa e trading buscam retomada

Valor Econômico

A crise financeira mundial deixou marcas profundas em agroindústrias e cooperativas agropecuárias do país. As cooperativas, que tinham planos de investir R$ 12 bilhões (US$ 6,6 bilhões) em 2008, decidiram empurrar quase todos os projetos para 2010. Os efeitos da crise já são concretos. Algumas cooperativas ficaram pelo caminho e empresas agrícolas derraparam no aperto global. A multinacional Agrenco e as mato-grossenses Viana Trading e Grupo Guimarães entraram em recuperação judicial. A paranaense Sperafico arrendou e vendeu unidades.

No cooperativismo, a crise abriu espaço para fusões e parcerias. A mineira Cooxupé, a paulista Cocapec e a gaúcha Cooplantio incorporaram algumas concorrentes em suas áreas de atuação. No norte do Paraná, três cooperativas de crédito associaram-se na Sicredi União. Mas o aperto no crédito foi fatal para a Cooagri, de Dourados (MS). Segunda maior sociedade do Centro-Oeste, o grupo sucumbiu em definitivo após meses de agonia financeira. De outro lado, a crise fortaleceu o trabalho das centrais e dos consórcios cooperativos, como Itambé, Frimesa, Conagro e CCAB.

Mesmo com o cenário negativo, garantia de entrega e qualidade do produto salvaram parte das vendas no exterior. As cooperativas, responsáveis por 40% do PIB agropecuário, devem manter o faturamento na faixa dos R$ 85 bilhões (US$ 44,7 bilhões) e as exportações em US$ 4 bilhões em 2009. O aquecimento do mercado interno, os bons preços externos e agregação de valor serão fundamentais.

Na crise, o papel do governo ajudou na travessia do momento mais agudo. Foram criadas linhas de crédito de R$ 15 bilhões (US$ 7,9 bilhões) exclusivas para as cooperativas, além de reserva de mercado para atender demanda da merenda escolar, mercado estimado em R$ 600 milhões (US$ 315,8 milhões) neste ano. As agroindústrias afirmam que a reação em cadeia foi menor por causa dessa intervenção oficial.